sábado, 28 de setembro de 2013

O homem moderno

O homem moderno é um homem confuso. Ele cozinha, limpa, muda fraldas e ainda tem de fazer tudo o que outros homens faziam á 30 anos atrás. Não há tempo e mesmo que houvesse ele não ia saber o que fazer com ele. Existe uma necessidade terrível de se sentir ligado a alguma coisa nesta vida. Dizem que as mulheres ganharam e os homens perderam. O homem moderno já não passa por aquilo que o seu pai passou.

O homem moderno vive sob valores do passado enquanto tenta descobrir os seus próprios valores. Ele vive a vida que pensa que todos devíamos viver. O homem moderno tem de ser respeitável, sensível, parental e ao mesmo tempo ainda aquele ser forte. “Tenta manter a sua dignidade. Esforça-se ao máximo para ser essa pessoa, mas será mesmo? Há uma tensão que existe entre o que ele sabe que deve ser, e a sua necessidade de… se estar nas tintas para tudo isso, ativamente. Com isso vem o ressentimento, a raiva, a revolta. “

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Pessoas caladas

Dizem que as pessoas mais caladas são as que têm as mentes mais barulhentas.
Se algum dia me chamar e eu não responder, não me ache antipático. Sou eu que não o oiço com tanto ruído.

Big Fish

Big Fish tem um excelente visual, com o carimbo do realizador Tim Burton e ator Ewan Mcgregor que gosto.
A primeira vez que vi Big Fish identifiquei-me imediatamente com o personagem principal que conseguia criar fantasia a partir do ordinário é como se me disse-se: “não estás sozinho”.


Enredo: Somos transportados no imaginário de um homem á beira da morte, que nos conta a história da sua vida, mas com um twist.  

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Neverending Story

Um dos filmes que mais me marcou em criança e pelo qual tenho uma grande estima. Esqueçam aquele look limpinho que muitos filmes de fantasia nos habituaram. Aqui tudo, parece sujo, enferrujado e quase sentimos o cheiro, parece… é real. Chorei, me empolguei e revivi todas aquelas aventuras várias vezes.


O enredo: Um jovem tem acesso a um livro extraordinário que o transporta numa viagem alucinante onde é possível quebrar a barreira entre o mundo real e o da fantasia. O sonho de qualquer criança e de muitos adultos. 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Pessoas sensíveis

Gente sensível é gente que sente tudo e sente de maneira diferente dos outros. Não é que sinta mais, mas no seu núcleo guia-se pelos seus sentimentos.
Há quem diga que gente sensível percebe melhor os sentimentos e daí compreende melhor o mundo. Nada disso, esses são os ponderados.
Os sensíveis são gente só, sabem que são diferentes e é-lhes muito difícil encontrar alguém que pense como eles, mesmo no meio de outros sensíveis.
Gente sensível dá a conhecer pouco do que sente, mas absorve os sentimentos de todos á sua volta. Não desperdiçam seu afeto em qualquer um, mas são protetores daquilo que gostam de verdade.

São os que fazem maior uso da raiva quando se sentem atacados ou ofendidos. Mas também conseguem ser os mais doces quando se sentem acarinhados.

domingo, 22 de setembro de 2013

Musa...

Se está partido, não quer dizer que não continue lindo.
Se, se acha partido não quer dizer que o esteja.
Só porque existem cacos, não quer dizer que não se veja arte.

sábado, 21 de setembro de 2013

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Os olhos das crianças

Enquanto aguento aberta a porta para o mundo da fantasia, invejo o brilho no olhar da minha filha. Ela vê com facilidade aquilo que eu agora só vejo por um filtro. 

Solidão...


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Hoje faço 32 anos.

Perguntaram-me como me sinto. Sinto-me como se ainda tivesse 31... e com uma mente que varia entre os 12 anos e os 32.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Sereia

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.


Aproximei-me dela, tanto fascinado como temente. Ao longe ainda via o meu navio a afundar - O Corvo Veloz. Tinha passado praticamente a minha vida toda nele, como o explorador incessante.
O cenário à minha volta era macabro, afastava, com o único remo que me restava, os ossos de marinheiros afogados do passado; eram tantos, nenhum lhe resistiu. Meu bote metia água e a maré parecia conspirar para me levar ao seu encontro. Aceitei o meu destino.

Ela harmonizava uma bela melodia, mas não me sentia sob nenhum feitiço,  (estaria enganado?). A sua beleza ia para além de todos os relatos conhecidos. Olhou para mim e sorriu, mas não disse muito, invés disso brincava com os dedos na água.
Constrangido fiquei ali à espera, mas nada. Não me puxou para o fundo do mar, não devorou o meu coração, não me deu o famoso beijo mortal. Por fim, ganhei coragem e perguntei-lhe:
- Porque não sucumbo ao teu cântico como todos aqui?- A voz saiu-me trémula.
Que burro, pensei. Porque quereria eu apressar a minha morte? Ganhei no entanto a sua atenção. Expectante, lutei para manter o meu olhar no dela sem sentir o peso da sua beleza, por fim ouvi sua voz doce.
- Porque o meu silêncio faz-te bem mais mal. – Suspirou.

domingo, 15 de setembro de 2013

O sapo que sonhava ser um príncipe

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.


Certa vez, havia um sapo que vivia num charco com uma torre como vizinha.
Este parecia ser um sapo como tantos outros, ele comia moscas, coaxava e saltava como todos da sua espécie. Havia só uma pequena diferença. Acreditava ser o produto de um conto de fadas, um príncipe preso no corpo de um sapo.
Não o sabia explicar bem, apenas sentia-o.
Guardava esses pensamentos para si, pois sabia que os outros diriam trombudos: “Não existem contos de fada.”
Se ainda não notaram, o nosso amigo sapo tem uma imaginação fértil. No lugar da torre decrépita, conseguia ver um castelo, cavaleiros, dragões e belas donzelas. Tolices, diriam todos na sua família.
Certa noite, viu uma estranha luz emanar do topo da torre e com ela a mais bela melodia que já tinha ouvido.
Seria este um sinal? Sim! Era tão óbvio. Porque razão estaria ali uma torre, senão para fechar uma princesa (pensou)?
No seu contentamento coaxou, mas estacou assim que tudo ficou em silêncio. Teria amedrontado a sua amada? Mas não, devagar, mas firme começou a cantar outra vez. E assim continuaram em simultâneo, largas foram as noites.
Uma vez, com a lua cheia assistir, o sapo pareceu confuso ao ver uma jovem humana na margem. Curioso, mas cauteloso aproximou-se.
- És o meu príncipe? – Perguntou ela.
O anfíbio olhou e viu os lençóis pendurados pela torre. O seu coração pulou!
É sabido que as princesas nas torres não estão verdadeiramente presas, meia dúzia de lençóis amarrados uns aos outros e ficam livres por sua conta. Não, uma princesa numa torre não está presa, mas á espera de ser resgatada.
Olhou a jovem outra vez. Tinha grandes olhos (característica muito apreciada pelos sapos) e um cabelo encantado que mudava consoante o seu humor.
- És o meu príncipe? – Perguntou outra vez. Claramente sabedora dos contos de fadas.
O sapo anuiu. A princesa bateu palmas, cresceu um sorriso e seu cabelo ondulou-se.
Consertou a voz, endireitou a postura.
- Meu doce príncipe, parece que estamos ambos a precisar ser resgatados.
Debruçou-se sobre ele, pegou-lhe gentilmente e agiu com o melhor do seu conhecimento para o quebrar de um feitiço com um beijo.
- Magia. Existe mesmo! – Palavras invés do rouquejar.
A alegria da confirmação quase que superava a maravilha da transformação.
Pernas longas, orelhas, dentes, era agora um humano.
Sentiu-se tonto no entanto, tão longe do chão. Não foi preciso muito tempo até tropeçar e cair. Um coro de vozes ouviu-se do charco, já se sabe que é norma todos os que caem serem motivo de chacota. O diferente é uma princesa de joelhos na lama a encorajar que alguém se levante com um doce afagar na face.
Grandes olhos, grandes expectativas, pareceu-lhe ver.
De pé novamente e sentiu-se desconfortável, desta vez com as suas roupas espalhafatosas, cores alegres não lhe pareciam combinar. Até a coroa lhe ficava torta tapando-lhe os olhos.
Foi aí que um terrível pensamento se abateu sobre o nosso amigo: E se invés de um príncipe, fosse apenas e só, um sapo que sonhava ser príncipe?
Tão rápida como a transformação foi a regressão ao seu estado original. Medo é uma maldição poderosa, uma que só pode ser vencida de dentro para fora.
O cabelo da princesa caiu liso. O sapo fitou aqueles olhos grandes e ainda bem que já não podia falar (fungou).
E então o sapo rastejou para o seu charco e a princesa subiu a sua torre.
A coroa mingou, mas permaneceu na cabeça do sapo, que ficou para sempre como o sonhador que não se deixava viver seus sonhos.