terça-feira, 24 de junho de 2014

As Crónicas de Elgalor: Capítulo II: Charoxx, o Dragão Abissal


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Autor do texto: Odin




m silêncio quase mortal se fez nas montanhas próximas ao grande reino de Darakar após o combate; Hargor e Oyama recolhiam todas as cabeças de guerreiros anões dos cintos dos orcs negros abatidos, enquanto Astreya usava seus encantamentos de cura para terminar o serviço que a magia divina de Hargor começara pouco antes do término do combate. Aramil permanecia calado, com um semblante extremamente preocupado. Bulma se distanciara um pouco para procurar orcs fugitivos e Erol estudava silenciosamente o corpo de um dos orcs tombados.
- São mesmo orcs com sangue de demônios – disse Erol após alguns minutos de observação – e eles chegaram aqui viajando entre as sombras. Por isso não deixaram rastros.
- Isso explica como os malditos conseguiram emboscar e destruir um batalhão de dezenas de guerreiros treinados que patrulhavam este local – respondeu Hargor soturno, juntando todas as cabeças recolhidas dentro de um círculo feito com pó de prata, que o clérigo havia acabado de terminar.
- O que eu sei – disse Oyama esmagando uma pequena rocha com a mão – é que todos os desgraçados que fizeram isso vão pagar com sangue. Com muito sangue!

Astreya começou a cantar um réquiem bastante apreciado pelos anões durante as cerimônias fúnebres de seus amados guerreiros, e neste momento, todos pararam o que faziam e baixaram suas cabeças em respeito:

Vão, bravos irmãos, pois Thanor abriu à vós as portas de seu Salão.
  Vão, nobres filhos da guerra, pois a Forja do Pai de Todos os aguarda.
  Vossos feitos serão sempre lembrados, vossa dignidade, jamais maculada.
  Vão, grandes guerreiros, e que vossos espíritos estejam sempre conosco no campo de batalha, preenchendo nossos corações com toda vossa honra e coragem.”

- Que assim seja – disse Hargor erguendo seu martelo em direção ao céu – Podem descansar em paz, irmãos, pois vós fostes vingados, e estes chacais do abismo jamais tocarão vossas mulheres e crianças.

Hargor bateu violentamente seu martelo no chão e um enorme trovão rompeu dos céus, caindo sobre o círculo de pó de prata, instantaneamente cremando todas as cabeças ali contidas.

- Os orcs esstão todos mortos mesmo – disse Bulma retornando, falando baixo e com o machado
embainhado nas costas em respeito ao guerreiros tombados – não há nenhum rastro de sangue, e isto eles não poderiam esconder.
- Não, não poderiam – respondeu Erol.
- Obrigado a todos – disse Hargor se levantando e pegando de seu cinto uma bolsa cinza de couro – agora, vamos tratar daquilo que viemos fazer aqui.
- Uma bolsa arcana – disse Aramil imediatamente reconhecendo as propriedades mágicas da pequena bolsa de Hargor.
 - Sim, presente do rei Coran – respondeu o anão abrindo a bolsa e retirando dela três lanças machado de metal claro como prata, perfeitamente trabalhadas e com várias runas anãs nas lâminas.
- Estas são as famosas Dragonslayers de Darakar? – perguntou Erol com interesse.
- Sim – disse Oyama – Uma para você, outra para Bulma e a última para Hargor.
- E você vai tentar enfrentar o dragão só com os punhos, presumo? – disse Aramil balançando a cabeça e fingindo tentar segurar o riso.
- Presumiu certo, grande mago – respondeu Oyama em tom de deboche – Algum problema com isso?
- Nenhum, nobre guerreiro, contanto que não fique para mim a tarefa de tirar os seus restos da boca do dragão – respondeu Aramil com um riso cínico.
- O que vocês sabem sobre o dragão, Hargor? – perguntou Erol ao anão.
- Apenas seu nome e onde ele fez seu covil – respondeu o clérigo.
- E como ele se chama? – perguntou Aramil.
- Charoxx – respondeu Oyama.
- Charoxx... – repetiu o mago em silêncio  - Não me lembro de nenhum dragão com este nome.
- Pelos deuses, o nome dele não faz diferença! – gritou Bulma, impaciente com toda aquela discussão, que, a seu ver, não passava de mera perda de tempo.
- Faz sim – respondeu Astreya como se estive buscando no fundo de sua alma informações sobre aquele nome – Acho... acho que ouvi histórias sobre ele...
- O que você sabe? – interrompeu Oyama.
- Ele é um dragão vermelho demoníaco com quase 700 anos de vida, que havia deixado nosso mundo após a Grande Guerra dos Dragões, cerca de 300 anos atrás – respondeu Astreya sem esconder o desânimo – De acordo com as histórias que ouvi, ele é um conjurador ainda mais poderoso que Aramil, e é muito resistente a magias.
- Fraquezas? – perguntou Erol.
- Armas sagradas – respondeu Astreya – e magias que manipulem o elemento gelo e que sejam capazes de sobrepujar sua resistência a efeitos mágicos.
- Me encarrego da segunda parte – respondeu Aramil olhando para o céu, com confiança absoluta.
- E eu da primeira – disse Hargor – Com a ajuda das lanças, vamos mandar este desgraçado de volta para o abismo.
- Você já tem tais magias preparadas, Aramil? – perguntou Astreya sabendo que todos os magos, por mais poderosos que fossem, precisavam decorar diariamente as runas arcanas correspondentes às magias que pretendiam utilizar.
- É óbvio – respondeu Aramil em um tom distante, retirando seu belo grimório de capa dourada de um bolso mágico em seu manto – Só preciso de alguns minutos.

Então ande logo, mago – disse Bulma se permitindo um leve sorriso agora que a cerimônia fúnebre havia terminado – porque eu estou ficando com fome e quero logo me saciar com um bom pedaço de carne de dragão.

Oyama soltou uma forte gargalhada, enquanto Aramil virou o rosto, enojado.
- Vocês não elfos são realmente muito primitivos... – disse o mago para si mesmo, antes de se concentrar totalmente em seus estudos.

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Conduzidos por Hargor e Oyama, o grupo seguiu por trilhas ocultas nas montanhas, caminhos secretos dos anões que levariam todos ao covil de Charoxx, um dragão vermelho abissal com sete séculos de vida. Derrotando o dragão, os aventureiros conseguiriam uma chave, que os permitiria entrar na Torre do Desespero.

Como era de se esperar, ninguém estava com ânimo para conversas; eles haviam acabado de velar um batalhão inteiro de anões e estavam indo rumo a uma batalha que, mesmo se vencida, dificilmente seria ganha sem nenhuma baixa. Assim, o grupo caminhou em silêncio quase absoluto por cerca de meia hora. Quando a trilha parecia terminar em um enorme rochedo, a quase cem metros deles, Hargor fez sinal para todos pararem:
- Aqui é a entrada – disse o clérigo – é hora de nos prepararmos.
- Muito bem – respondeu Oyama – vamos acabar logo com isso. Não temos a noite inteira.
- Apenas um tolo corre em direção à própria morte – disse Aramil observando o rochedo, como se estivesse pensando alto.
- E apenas um covarde foge dela se escondendo atrás de cautela! – retrucou Oyama aborrecido.
- Basta! – gritou Hargor.
- Estamos todos nervosos – disse Astreya em tom conciliador – vamos nos acalmar e prosseguir com os preparativos.
- Sábias palavras – respondeu Erol subindo agilmente em uma pequena colina para observar melhor a área – Supondo que o combate vá muito bem para o nosso lado, existem passagens alternativas por onde Charoxx possa escapar?
- Não, apenas este rochedo – respondeu Hargor em tom sombrio – para sair, ele teria que matar a todos nós primeiro.
- Ótimo! – disse Bulma repleta de confiança – isso significa que ele não vai fugir.
- Aquele rochedo não é real, não é Hargor? – perguntou Aramil olhando para o clérigo.
- Olhos perspicazes, elfo – respondeu o anão – há uma magia ocultando a entrada, mas como este é nosso território, nós anões podemos ver através dela.
- Existem pelo menos dez runas protegendo o lugar... – disse Aramil.
- Você pode desativá-las? – perguntou Astreya ao mago.
- É claro - respondeu Aramil com a arrogância de sempre – só preciso de alguns instantes. Mas antes...

Subitamente, o mago começou a se concentrar e fazer gestos rápidos e precisos com as mãos:
- Nobres espíritos elementais da água, ouçam meu chamado, e envolvam todos aqui presentes em vosso manto protetor.
Neste momento, todos sentiram como se uma tênue aura azulada envolvesse seus corpos.
- Isso nos protegerá contra o sopro de fogo do dragão, pelo menos no início – disse Aramil se voltando novamente para o rochedo.
- Ótimo – disse Hargor batendo sua arma no chão. Conforme o clérigo começou a orar, runas azuis brilharam em seu martelo de guerra, e uma aura prateada envolveu a todos.
- “Thanor, grande pai dos anões, invoco agora tua nobre benção para esta batalha. Que nossos espíritos e corpos recebam o vigor das montanhas, e que nossas armas golpeiem como o aço sagrado de tuas Forjas”.

Enquanto a magia de Aramil protegera o grupo contra magias e sopros de fogo, a benção de Hargor tornara seus corpos e espíritos mais resistentes, além de consagrar as lanças matadoras de dragão com uma poderosa energia divina.
- Eu me encarrego de curar nossos ferimentos e renovar as proteções mágicas – disse Astreya tirando de sua pequena bolsa arcana um cajado branco e alguns pergaminhos.
- Certo – concordou Hargor tirando de dentro de sua armadura de batalha um pequeno amuleto em forma de martelo – Bulma, coloque isso em seu pescoço.
- Para quê? – respondeu Bulma olhando curiosa para o amuleto.
- Vai proteger você contra controle mental caso o dragão enfraqueça a proteção que Thanor nos deu – respondeu o clérigo.
- Obrigada, mas Guarde com você, clérigo – disse Bulma devolvendo o amuleto – ainda não houve ser neste mundo capaz de dobrar minha força de vontade.
- Se este for o primeiro – disse Oyama com um olhar sério para a bárbara – ele vai jogar você contra o resto de nós...
- Não podemos correr este risco, Bulma – continuou Erol percebendo a relutância da bárbara – Se não colocar o amuleto, você não entrará conosco.

- Muito bem – respondeu Bulma após alguns tensos instantes, colocando o amuleto de Hargor - mas só porque isso foi abençoado pelos deuses da guerra.

Durante a pequena discussão, Aramil estendeu as duas mãos na direção do grande rochedo. Um vento forte partiu de seus dedos, e todos ouviram um grande estalo.
- Pronto... – disse Aramil exausto, secando gotas de suor de sua testa – todas as runas foram removidas.
- Chegou a hora! – gritou Oyama batendo uma mão contra a outra.

O grupo avançou em direção ao imponente rochedo. Hargor entrou primeiro e os demais, mesmo vendo uma intransponível barreira natural, fecharam os olhos e seguiram o clérigo. Ao passar pela entrada, todos se viram em um gigantesco corredor de rocha vulcânica, com filetes de lava correndo pelo chão e pelas paredes. O calor incomodava, mas não feria, graças à proteção conjurada por Aramil.

Conforme andavam, todos sentiam como se seus espíritos estivessem sendo esmagados por uma presença invisível, absurdamente antiga e poderosa. Astreya instintivamente pegou sua harpa e começou a entoar uma canção para encorajar seus companheiros, quando todos ouviram uma voz grave e maliciosa ecoando por todo o imenso corredor:

- Sejam bem vindos, nobres “heróis”. Tenho certeza que me trouxeram doces oferendas para compensar os servos orcs que vós e aqueles malditos anões matastes. Ficarei com vossa barda e estas ignóbeis lanças, além do resto de vossos pertences mágicos. Venham a mim, bravas almas, pois Charoxx, o Destruidor de Mundos, também vos dará um belo presente...

No instante seguinte, um pulso de energia percorreu ferozmente o amplo corredor, anulando todas as proteções mágicas dos nobres aventureiros.

Tudo aconteceu muito rápido.

Quando a magia de Charoxx, o Destruidor de Mundos, atingiu o grupo de heróis como uma onda de choque anulando suas proteções mágicas, todos ficaram momentaneamente imobilizados pela surpresa. Como aventureiros experientes, já estavam prontos para a possibilidade de perecerem enfrentando o dragão, mas naquele momento, sentiram que seria possível tombar antes de sequer chegar perto de seu inimigo.

- Estais com frio, bravos aventureiros? – debochou Charoxx maliciosamente com sua poderosa voz, que ecoava por todo o grande corredor – Ou será medo? Seja como for, tenho algo para esquentar vossos corpos e corações.

Charoxx respirou fundo. Quando soltou o ar, um gigantesco jato de fogo preencheu completamente o corredor, indo velozmente na direção dos heróis.
- Aramil! – gritou Astreya.
- Eu sei, meio-humana! – gritou o mago elfo estendendo seu cajado dourado a frente com a mão direita enquanto fazia gestos sutis com a mão esquerda.
O cajado de Aramil brilhou e uma redoma de energia se formou em volta dos heróis, pouco antes do sopro de fogo de Charoxx atingi-los.
- Quanto tempo sua barreira agüenta, Aramil? – perguntou Oyama.
- Até que o dragão use um raio de desintegração para destruí-la – respondeu Aramil sem a habitual arrogância, pois precisava se concentrar muito para manter a redoma, que era impiedosamente atingida pelo feroz sopro de fogo de Charoxx.
- Temos que ser rápidos – disse Hargor erguendo seu martelo e começando novamente uma oração:
-  “Grande Pai e forjador de almas, invoco tua nobre benção para esta batalha. Que uma vez mais nossos espíritos e corpos recebam o vigor das montanhas, e que nossas armas golpeiem como o aço sagrado de tuas Forjas”.

Novamente uma aura prateada envolveu os heróis, que se sentiram mais fortes e vigorosos. Astreya fechou os olhos e se concentrou por um momento. Quando a barda abriu os abriu, estendeu sua mão e começou a conjurar um antigo encantamento ensinado a ela por sua mãe.
- “Nobres espíritos do plano astral, permitam nossa passagem e nos levem diretamente até nosso destino”.
No instante em que a barda proferiu a última palavra, um pequeno portal mágico de cor azulada apareceu diante de todos, dentro da redoma mágica de Aramil. Neste exato instante, o sopro do dragão inesperadamente cessou.
- Ele vai desintegrar a muralha! – Gritou Aramil
- Passem pelo portal, rápido! – gritou Astreya
- Seu portal vai nos levar para fora, não é? – perguntou Aramil já sabendo a resposta que obteria.
- Não, para dentro – respondeu Astreya um tanto insegura, pois poderia estar levando todos para a morte – temos uma missão a cumprir.
- Sua louca, como você... 
Antes que Aramil pudesse concluir seu protesto, Oyama o agarrou e saltou com o mago em direção ao portal.
- Vamos, elfo – disse Oyama nervoso, mas se divertindo com a expressão no rosto de Aramil – ele iria nos achar lá fora mesmo. Agora é matar ou morrer!
- Depressa! – gritou Erol entrando no portal, seguido de Bulma, Hargor e Astreya.

Após atravessarem o portal, todos se viram dentro de uma imensa caverna no interior da montanha, cujo tamanho comportaria seguramente um forte de médio porte. As paredes eram negras, iluminadas por centenas de filetes de lava incandescente. A cerca de vinte metros, deitado e de costas para eles, estava Charoxx, o Dragão Abissal.


Mais uma vez, todos ficaram momentaneamente imóveis. Mesmo estando deitado, já sabiam que aquele era o maior dragão que já encontraram. Suas escamas pareciam tão espessas quanto uma parede de mitral, e eram de cor vermelha levemente enegrecida. Em alguns pontos, elas apresentavam terríveis cicatrizes, comprovando que aquele dragão provavelmente já sobrevivera a muitas batalhas. Suas garras pareciam capazes de rasgar o mais forte escudo já forjado pelos melhores ferreiros anões de Elgalor.
- Trouxestes meus presentes, jovens crianças? – perguntou o dragão sem se mover, com uma voz doce e suave, quase como se fosse um amigo de longa data.

Astreya pegou sua harpa e começou a tocá-la de maneira suave. A barda sabia que a voz de um dragão pode enfeitiçar mesmo os mais fortes espíritos, mas sua música poderia anular este efeito, ao menos por algum tempo. Neste momento, todos permaneceram em silêncio, prontos para atacar, mas tensos, esperando alguma armadilha por parte de Charoxx. Se divertindo com a apreensão dos heróis, o grande dragão virou seu pescoço lentamente e pela primeira vez todos puderam ver sua face.

O rosto de Charoxx possuía uma imensa cicatriz próxima ao olho direto, que brilhava como um rubi. Seu outro olho era incandescente como o magma. Suas presas, enormes e disfarçadas em um leve sorriso, poderiam facilmente dilacerar a poderosa armadura de Hargor.
- Bela melodia, barda. Tu cantarás em minha honra por muitas noites – disse o dragão apenas observando os aventureiros – Chegai mais perto, crianças e deixai no chão meus presentes.

Aramil, mais do que os outros, fitou com atenção o olho esquerdo de Charoxx. Após alguns instantes, o orgulhoso mago sentiu que precisava reunir toda sua força de vontade para não fugir em completo pânico, pois compreendera o que aquele olho representava. Astreya mudou sutilmente o tom da melodia que entoava com sua harpa, e todos os aventureiros sentiram um pulso de coragem e sede de batalha inundarem seus corações.
- Venha pegar seus presentes! – gritou Oyama correndo em direção ao dragão.
- Morte!! – urrou Bulma entrando em seu estado de frenesi guerreiro, correndo ferozmente na direção de Charoxx enquanto seus músculos se expandiam conferindo à bárbara força e vigor quase sobrenaturais.
- Nobres espíritos elementais da água, ouçam meu chamado, e envolvam todos aqui presentes em vosso manto protetor – Disse Aramil se concentrando para conjurar sobre seus aliados a proteção elemental contra o sopro de fogo do dragão. O mago pretendia neste momento conjurar uma proteção elemental diferente para caso o dragão optasse por atacar usando gelo ou raios, mas como a anterior fora dissipada por Charoxx, o elfo não tinha escolha; a prioridade era proteger seus aliados contra o sopro de fogo. O que viesse diferente disto, eles teriam que resistir por conta própria.
Hargor e Erol avançaram com as lanças, enquanto Astreya permaneceu para trás, junto a Aramil, para oferecer suporte mágico ao grupo.

Irmãos de armas, companheiros de jornada, que por nossas armas este nefasto dragão sinta o poder de nossa coragem e justiça. Que nossas lanças rasguem e perfurem, e que diante do perigo, nossos corações jamais recuem” – cantou a barda, fortalecendo ainda mais o espírito de luta dos bravos guerreiros.

Subitamente, rápido como um raio, Charoxx se levantou e abriu suas gigantescas asas. Os aventureiros notaram que seu corpo inteiro era coberto por terríveis cicatrizes. Ele gargalhou e depois rugiu. Tamanha era a presença e o poder do Dragão abissal, que os heróis sentiram seus corações pararem. Sentiram-se como ratos diante de um tigre feroz.
- Agora, mortais, sabereis por que sou chamado de Destruidor de Mundos – bradou Charoxx em um tom sinistro e imponente.

Contudo, movidos por sua própria coragem de ferro e pela canção de batalha de Astreya, todos continuaram avançando ferozmente. Como Oyama havia dito, agora era matar ou morrer.

Charoxx puxou novamente o ar e liberou seu terrível sopro de fogo sobre todos os aventureiros. Mesmo Aramil e Astreya, que estavam um pouco mais afastados, foram atingidos. A proteção mágica conjurada por Aramil resistira bem a este primeiro ataque, mas o mago sabia que o que restara de sua magia era suficiente para proteger a todos apenas do calor insuportável da imensa caverna. Mais um sopro, e estariam todos mortos.

Oyama, Hargor, Erol e Bulma avançaram ainda mais, prontos para atacar. Contudo, no momento em que o sopro de fogo cessou, Aramil gritou:
- O olho do dragão!
Hargor sentira uma forte emanação de magia ao redor do dragão, mas não pudera identificar sua origem. Agora, estava claro. Dolorosamente claro.
O olho direito de Charoxx brilhou, e uma corrente de relâmpagos rompeu na direção dos aventureiros. O raio central atingiu Bulma impiedosamente, derrubando a poderosa bárbara, e outros cinco raios menores rumaram ferozmente em direção aos outros heróis.

Com grande agilidade, Oyama e Erol esquivaram-se dos raios, e avançaram em direções opostas, tentando flanquear o dragão. Astreya conseguiu se desviar um pouco, o suficiente para reduzir o impacto total do raio. Já Hargor e Aramil foram atingidos em cheio. Apesar da dor, o clérigo anão conseguiu se recobrar rápido devido à resistência física de seu povo e avançou. Aramil foi arremessado cerca de dez metros para trás por causa do impacto, e por pouco não perdeu a consciência.

- VOU ARRANCAR SUAS ENTRANHAS POR ISSO!  - gritou Bulma se levantando em um frenesi completamente ensandecido. Tamanha era sua fúria, que ela se esqueceu de pegar a lança matadora de dragões no chão e avançou com seu machado.
Erol golpeou Charoxx com a lança, que emitiu um brilho dourado quando atingiu as espessas escamas do dragão. Charoxx uivou de dor, não tanto pelo ferimento, mas sim por causa da poderosa magia contida nas lanças. Do outro lado, Oyama golpeou com toda sua força, mas seus punhos não foram capazes de romper as escamas do dragão abissal. Neste momento, Hargor e Bulma se aproximaram para entrar na batalha.

Ajudando Aramil a se levantar, Astreya ergueu seu cajado de cura e entoou um pequeno encantamento:
- Que as forças divinas da vida e da luz curem nossos ferimentos.
O cajado branco brilhou e todos foram envolvidos por uma aura de pura luz. Neste instante, todos sentiram a dor diminuindo e seus ferimentos sendo levemente curados.

- Isso não vai funcionar – disse Aramil tenso, pegando seu cajado dourado.
- O que você está falando, Aramil? – perguntou Astreya aborrecida com o pessimismo do mago.
- O olho direito de Charoxx – respondeu o mago ainda sentindo os efeitos do relâmpago que o atingira – ele está drenando nossa proteção elemental, e ao mesmo tempo protegendo o dragão contra quaisquer magias que nós lancemos contra ele. Posso superar a resistência natural que Charoxx tem contra magias, mas não a resistência que o olho lhe confere. Se não o anularmos, não teremos chance alguma.

Hargor se posicionou ao lado de Oyama, e Bulma golpeou ferozmente o abdômen do dragão com seu machado, fazendo um corte profundo nas resistentes escamas de Charoxx, que apesar da força do impacto, não esboçou nenhuma feição de dor. Oyama desferiu mais uma série de socos que poderiam destruir rochas, mas que não tiveram efeito algum contra a couraça do poderoso dragão.
- Você está fazendo cócegas, guerreiro maldito – zombou Charoxx chicoteando Oyama com sua poderosa cauda, enquanto avançava com suas garras sobre Erol, estranhamente ignorando Bulma.
Estando próximo de Oyama, Hargor usou sua lança na cauda de Charoxx.
- Não nos subestime! – bradou o clérigo anão.
O dragão mais uma vez uivou de dor, mas ainda assim foi capaz de derrubar tanto o guerreiro quanto o anão com a força de seu golpe. Como navalhas, suas garras atingiram Erol, que mesmo se protegendo com a lança, teve o peito quase rasgado pelas garras de Charoxx e caiu no chão com a força do impacto. Bulma avançou novamente, e o dragão abissal sorriu.

Quando a bárbara estava perto o bastante, Charoxx virou a cabeça velozmente e cravou suas presas no corpo da bárbara, que agora urrava de fúria e dor. Veterano de muitas batalhas, o dragão sabia que se tentasse morder Hargor ou Erol, eles usariam as lanças para frustrar o ataque, e ainda golpeariam o interior de sua boca com as armas de haste. Feito extremamente difícil de se conseguir quando está se empunhando um machado ou espada.  Charoxx levantou sua cabeça e pressionou novamente o corpo de Bulma entre suas presas afiadas.

- Pelo menos estamos livres de mais um sopro por enquanto – disse Aramil enquanto concentrava energia em seu cajado.
- Vou fingir que não ouvi isso! – respondeu Astreya furiosa pegando seu arco de prata.
- Acerte uma flecha no olho direito – disse o mago ignorando a fúria de sua companheira – mesmo que pegue apenas de raspão já será o suficiente.
“Mesmo de raspão”, resmungou Astreya para si mesma enquanto retesava seu arco mágico. Erol poderia fazer um disparo como este, mas ela...
- Não é hora para ter dúvidas – disse Astreya enquanto mirava – como Oyama disse, agora é matar ou morrer - Nisso, a barda disparou seu arco, e uma flecha prateada composta de pura energia rasgou o ar.

E atingiu em cheio o peito de Charoxx, deixando um pequeno chamuscado nas escamas do dragão.
- Incrível...vocês meio-humanos não conseguem fazer nada direito, não é? – disse o mago elfo.
- Aramil... – respondeu Astreya rangendo os dentes e preparando mais uma flecha.


- ISTO É TUDO O QUE VOCÊ TEM? – Gritou Oyama limpando o sangue da boca enquanto ele e Hargor se colocavam de pé.
Com algumas costelas quebradas, Oyama e Hargor se levantaram, e novamente atacaram Charoxx, com ainda mais ferocidade. A lança do clérigo anão atingiu com força o local onde Bulma havia golpeado, e quando o dragão se virou para retaliar o ataque, sentiu a lança do ferido Erol sendo cravada em suas costas.
- O tempo e o poder o deixaram descuidado, monstro! – disse Erol puxando sua lança da couraça do dragão enquanto lutava para manter a consciência e se posicionar para mais um golpe.
Mais três flechas prateadas zuniram, atingindo o peito, a garganta e uma pata do dragão, sem causar qualquer dano. Oyama saltou e desferiu um poderoso chute onde Erol havia acertado a lança pela primeira vez, e pode notar que agora seu golpe fora sentido pelo dragão.
Mesmo com os músculos sendo dilacerados pela mandíbula de Charoxx, Bulma ainda tentava lutar. Usando seu machado com o braço que ainda estava livre, ela golpeou ferozmente um dos dentes do dragão, causando uma pequena rachadura na afiada presa do dragão.

Sangrando e furioso, Charoxx usou sua cauda para esmagar Erol contra a parede da caverna, tão rápido que o exausto ranger não pode posicionar sua lança para interromper o ataque. Enquanto rasgava a carne e esmagava os ossos de Bulma com suas presas, o dragão rasgou as costas de Oyama com sua garra direita e golpeou Hargor violentamente com a esquerda, quase decapitando o clérigo. Mais três flechas prateadas zuniram na caverna. A primeira atingindo a cauda de Charoxx, a segunda raspando nas escamas de seu pescoço, e a terceira, raspando levemente no olho direito do dragão.

- Finalmente... já estava pensando que não havia limite para a incompetência de vocês não elfos – disse Aramil apontando o cajado dourado, pulsando com uma enorme quantidade de energia arcana, na direção de Charoxx.
- CALE-SE E FAÇA ALGUMA COISA! – Gritou Astreya nervosa por não ter acertado o disparo mais cedo e sem paciência alguma com os comentários arrogantes do companheiro.
- “Espíritos do ar e da água, unam-se perante meu pedido, e convertam-se na avassaladora força do frio que tudo congela!” – recitou o mago élfico, e um imenso cone de energia congelante partiu de seu cajado, explodindo brutalmente no peito de Charoxx. O enorme e orgulhoso dragão recuou com a força do impacto e se contorceu de dor e ódio, mas não soltou a bárbara. Astreya novamente empunhou seu cajado de cura e todos os heróis sentiram um pulso de energia positiva curar um pouco seus terríveis ferimentos.

- Por que... – disse Oyama se levantando com dificuldade...  – ele não solta a Bulma?
- Ele vai soltá-la só quando puder lançar outro sopro de fogo – respondeu Hargor se aproximando de Oyama – Vai cuspi-la em você ou em Erol, para evitar que se esquivem, e vai carbonizar todos nós em seguida. Precisamos acabar com isso agora.
- Me cubra – disse Oyama – e torça para que o Erol esteja consciente.
- Muito bem – disse Hargor.
O clérigo se concentrou e fechou os olhos por um instante
- “Thanor, conceda a benção da forja e do trovão à minha lança, e que Tua fúria divina nela se manifeste” – orou o clérigo, e sua lança foi envolvida por uma poderosa energia como se dentro dela estivessem presos mil relâmpagos.
- Por Thanor! – Gritou Hargor se lançando em um ataque furioso contra Charoxx.

O dragão abissal reconhecia o perigo da lança do anão, por isso lançou sua cauda lateralmente na direção do clérigo enquanto sugava o ar da caverna pelas narinas para em seguida lançar mais um feroz sopro de fogo. Charoxx, contudo, não cairia no mesmo ardil duas vezes.
Quando Hargor posicionasse a lança para interceptar o golpe, Charoxx mudaria o sentido do ataque, fazendo com que a cauda esmagasse o anão. Para a surpresa de Charoxx, Aramil e Astreya, Hargor simplesmente jogou a lança no chão, e foi atingido violentamente pela cauda do dragão. Todos ouviram o som dos ossos do clérigo se quebrando, e quando ele caiu inconsciente no chão, não era possível determinar se ele estava vivo ou morto.

Charoxx notou que algo estava errado, mas ante que pudesse analisar o ocorrido, viu Oyama com os punhos fechados, dando um grande salto em direção à sua boca, usando o corpo do próprio dragão como plataforma para atingir a altura desejada.
- Cócegas, não é? – disse o guerreiro em pleno ar, enquanto desferia um soco com toda sua força no dente do dragão que Bulma atingira com o machado.

O impacto do soco foi terrível. Oyama sentiu os ossos de sua mão se quebrando, mas sorriu satisfeito ao ver que o dente se quebrou completamente com o impacto do golpe. Charoxx perdeu o ar e urrou de dor, deixando a bárbara cair.
- Pegue a Bulma, Aramil! – disse Astreya correndo em direção à lança de Hargor.
- Não me dê ordens, meio-humana – disse Aramil conjurando uma lufada de vento para descer o corpo de Bulma suavemente até o ponto onde Astreya estaria.

Antes que Oyama chegasse ao chão, o dragão o agarrou com uma das garras e esmagou o corpo do guerreiro com toda sua fúria. Oyama sentiu todas as suas costelas se quebrarem, e quando sentiu sua coluna começar a se partir, a lança de Erol, em um arremesso perfeito, se enterrou na pata de Charoxx, obrigando o dragão a soltar o corpo do guerreiro, que perdera a consciência naquele instante.
- Não me ignore, lagarto imbecil! – provocou Erol, que apesar de muito ferido, sacou suas espadas. O ranger sabia que seria morto agora, mas precisava ganhar um pouco de tempo para que Aramil e Astreya agissem. Charoxx avançou sobre Erol para triturar o elfo com sua mordida, quando um pequeno portal apareceu atrás do ranger e o sugou para dentro, transportando-o magicamente para onde estava Aramil.

- “Espíritos da luz e da vida, curem os ferimentos de minha amiga” - disse Astreya tocando o corpo de Bulma e conjurando a magia de cura mais poderosa que conseguia.
- Precisamos de você, Bulma – disse Astreya quando a bárbara abriu os olhos.
Por instinto, Bulma levou a mão à lança de Hargor, e mesmo muito ferida, levantou, rosnou e correu na direção de Charoxx.
- Me desculpem pelo trabalho – disse a bárbara fitando os olhos de Charoxx – juro pela minha vida que vou levar você para o inferno comigo, dragão desgraçado!
O dragão, por sua vez, sugou o ar da caverna mais uma vez e se preparou para lançar seu último sopro, que transformaria em cinzas todos que ainda estavam de pé.

Erol, que observara atentamente tudo o que havia ocorrido até ali, guardou suas espadas e sacou seu arco longo. Aramil se concentrou novamente. O arco élfico de Erol se retesou, e uma flecha rasgou o ar, atingindo em cheio o olho direito de Charoxx. Aramil lançou mais uma poderosa rajada de energia congelante, desta vez, mirando na cabeça do dragão, para tentar anular o sopro.

Astreya cantou e o espírito de Bulma explodiu em fúria e determinação. No instante em que a rajada de Aramil atingira a cabeça de Charoxx, a bárbara cravou a lança de Hargor no abdômen ferido do dragão, no mesmo instante em que ele usou as garras de suas duas patas dianteiras para perfurar o corpo de Bulma. A lança, carregada com o poder de Thanor, explodiu dentro do dragão, derrubando-o, e um grande clarão cegou todos na caverna.

Quando puderam enxergar de novo, Astreya, Aramil e Erol viram a carcaça sem vida de Charoxx, em meio aos corpos destruídos de seus valorosos amigos.

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O combate contra Charoxx fora vencido. Mas a um alto custo; no fim do confronto, apenas Astreya, Aramil e Erol permaneciam de pé. Com a mão sobre o enorme ferimento em seu abdômen, Erol desviou-se do corpo tombado de Charoxx e se aproximou do corpo de Hargor, que estava praticamente esmagado pelo impacto da cauda do dragão abissal.

- Ele... – ele está vivo? – perguntou Astreya aflita, sentindo seu coração quase parar.
Erol se abaixou e colocou a mão sobre a garganta do clérigo, para verificar seus sinais vitais. Após um momento...
- Está – respondeu o ranger, que perdia sangue rapidamente – é preciso mais do que isso para matar um anão, mas ele precisa ser curado rápido.
- Sim – disse Astreya correndo em direção ao corpo de Hargor – mas e os ...?
- Cure Hargor, Astreya – interrompeu Aramil andando na direção dos corpos de Oyama e Bulma, que estavam relativamente próximos – depois o clérigo se encarregará dos demais.
O mago elfo chegou perto do corpo de Oyama, que estava totalmente quebrado e banhado em sangue.
- Ele está vivo? – perguntou Astreya impaciente enquanto conjurava um feitiço de cura em Hargor.
- Barda – respondeu o mago com uma expressão de desprezo no rosto - Você não espera que eu toque neste...
- ARAMIL! – gritou Astreya furiosa.
- Humph! – resmungou Aramil, abaixando-se e verificando os sinais vitais de Oyama – parece que teremos que agüentá-lo por mais algum tempo. E antes que você berre novamente, Bulma também está respirando.

A magia de cura que fluiu pela mão de Astreya envolveu o corpo de Hargor com uma luz dourada, e o clérigo anão abriu lentamente os olhos.
- Você... não é Thanor – disse Hargor tentando  reorganizar os pensamentos – o que significa que vencemos. Como estão os outros?
- Vivos – respondeu Erol se sentando e sentindo que seus sentidos já começavam a deixá-lo – eu... apreciaria sua ajuda, anão.
- Certamente – disse Hargor ainda muito ferido, levantando-se vagarosamente.
- Thanor, pai e senhor de todos os anões – disse o anão erguendo seu martelo – que por tua benção e poder sagrado os ferimentos de meus bravos irmãos de armas sejam curados!

O martelo de Hargor brilhou intensamente, e um círculo de energia positiva envolveu o corpo de todos os heróis, curando parcialmente seus grandes ferimentos. O clérigo repetiu o encantamento mais três vezes, e, após alguns minutos, todos estavam de pé. Ainda feridos, mas de pé.

- Dragão maldito! – gritou Bulma enterrando o machado violentamente na boca de Charoxx, arrancando um dos dentes do dragão – Isto, pelo menos vai virar um belo colar – disse a bárbara contemplando a grande presa.
- Essa foi dura... – disse Oyama pressionando as costelas que a pouco estavam quebradas – Agora é só encontrar o tesouro.
- Seus tolos... – resmungou Aramil colocando a mão no rosto – caso tenham se esquecido, precisamos da chave para abrir a Torre do Desespero.
- O tesouro do dragão é um bom lugar para começar a procurar, elfo! – retrucou Oyama.
- Nós não sabemos o que é a chave... – disse Astreya.
- Eu já a encontrei – respondeu Aramil sem paciência.

Todos ficaram calados por um instante.
- Se você já encontrou a chave, mago – disse Hargor – qual é o problema?
Aramil estendeu sua mão e conjurou uma magia de telecinésia. O olho direito de Charoxx começou a tremer e a emitir um brilho avermelhado. Em seguida, saiu do corpo do dragão e foi em direção à mão do mago elfo.

Aramil pegou o olho com as duas mãos, pois ele era totalmente sólido, tinha cerca de trinta centímetros de diâmetro e pesava aproximadamente dez quilos.
- Esta é a chave? – perguntou Bulma incrédula - O olho do dragão?
- Isso não é um olho verdadeiro, bárbara. É um artefato poderoso – respondeu Aramil.
- Hargor tem razão, Aramil – disse Erol – você parece perturbado. Qual é o problema?
Aramil girou o olho e todos puderam ver duas rachaduras; uma lateral e outra no centro.
- Nossas flechas... – disse Astreya se recordando dos pontos onde as flechas que ela e Erol dispararam atingiram o olho mágico do dragão.
- Não podemos mais usá-lo? – perguntou Hargor.
- Apesar das rachaduras serem pequenas, elas foram causadas pelas flechas de Erol e Astreya, que eram mágicas – explicou Aramil – a energia arcana armazenada nele é imensa, e está completamente instável. Entre dois, ou no máximo três dias, ele explodirá.
- E a explosão – continuou Aramil – seria mais poderosa do que dez sopros de Charoxx.
- Então, precisamos consertá-lo – disse Oyama.
- Os magos de Sindhar poderiam fazer isto – disse Erol.
- Mas precisariam de vários dias de estudo – respondeu Aramil – dias que não temos.
- Há uma alternativa... – disse Astreya – ouvi histórias sobre um gnomo que é especialista em itens mágicos. Na construção e reparo deles.
- Um gnomo? – zombou Aramil sarcasticamente – Um GNOMO? Vamos deixar que Oyama conserte a chave com murros de uma vez...
- Vou consertar outra coisa se você não calar a boca... – retrucou o guerreiro humano.
- Você acha que ele realmente pode fazer isso, Astreya? – perguntou Hargor.
- Não sei – respondeu a barda – mas é a melhor chance que temos, e com as magias de teletransporte de Aramil, não perderemos muito tempo.
- Gnomos são notoriamente conhecidos como grandes pregadores de peças, mas têm certa habilidade para lidar com itens mágicos. – disse Erol - É arriscado, mas parece a melhor chance que temos.
- Muito bem – concordou Aramil com hesitação – preciso preparar minhas magias, mas amanhã iremos até este gnomo. Tempos desesperados pedem medidas desesperadas. E além do mais, se o olho explodir, pelo menos não será em Sindhar.

- Então está decidido! Enquanto o grande mago descansa – disse Oyama com um sorriso – vamos procurar o tesouro!

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