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Autor do texto: Odin
m silêncio quase
mortal se fez nas montanhas próximas ao grande reino de Darakar após o combate;
Hargor e Oyama recolhiam todas as cabeças de guerreiros anões dos cintos dos orcs
negros abatidos, enquanto Astreya usava seus encantamentos de cura para
terminar o serviço que a magia divina de Hargor começara pouco antes do término
do combate. Aramil permanecia calado, com um semblante extremamente preocupado.
Bulma se distanciara um pouco para procurar orcs fugitivos e Erol estudava
silenciosamente o corpo de um dos orcs tombados.
- São mesmo orcs
com sangue de demônios – disse Erol após alguns minutos de observação – e eles
chegaram aqui viajando entre as sombras. Por isso não deixaram rastros.
- Isso explica
como os malditos conseguiram emboscar e destruir um batalhão de dezenas de
guerreiros treinados que patrulhavam este local – respondeu Hargor soturno,
juntando todas as cabeças recolhidas dentro de um círculo feito com pó de prata,
que o clérigo havia acabado de terminar.
- O que eu sei –
disse Oyama esmagando uma pequena rocha com a mão – é que todos os desgraçados
que fizeram isso vão pagar com sangue. Com muito sangue!
Astreya começou
a cantar um réquiem bastante apreciado pelos anões durante as cerimônias
fúnebres de seus amados guerreiros, e neste momento, todos pararam o que faziam
e baixaram suas cabeças em respeito:
“Vão, bravos irmãos, pois Thanor abriu à vós
as portas de seu Salão.
Vão, nobres
filhos da guerra, pois a Forja do Pai de Todos os aguarda.
Vossos feitos
serão sempre lembrados, vossa dignidade, jamais maculada.
Vão, grandes
guerreiros, e que vossos espíritos estejam sempre conosco no campo de batalha,
preenchendo nossos corações com toda vossa honra e coragem.”
- Que assim seja
– disse Hargor erguendo seu martelo em direção ao céu – Podem descansar em paz,
irmãos, pois vós fostes vingados, e estes chacais do abismo jamais tocarão
vossas mulheres e crianças.
Hargor bateu
violentamente seu martelo no chão e um enorme trovão rompeu dos céus, caindo
sobre o círculo de pó de prata, instantaneamente cremando todas as cabeças ali
contidas.
- Os orcs esstão
todos mortos mesmo – disse Bulma retornando, falando baixo e com o machado
embainhado nas costas em respeito ao guerreiros tombados – não há nenhum rastro
de sangue, e isto eles não poderiam esconder.
- Não, não
poderiam – respondeu Erol.
- Obrigado a
todos – disse Hargor se levantando e pegando de seu cinto uma bolsa cinza de
couro – agora, vamos tratar daquilo que viemos fazer aqui.
- Uma bolsa
arcana – disse Aramil imediatamente reconhecendo as propriedades mágicas da
pequena bolsa de Hargor.
- Sim, presente do rei Coran – respondeu o
anão abrindo a bolsa e retirando dela três lanças machado de metal claro como
prata, perfeitamente trabalhadas e com várias runas anãs nas lâminas.
- Estas são as
famosas Dragonslayers de Darakar? –
perguntou Erol com interesse.
- Sim – disse
Oyama – Uma para você, outra para Bulma e a última para Hargor.
- E você vai
tentar enfrentar o dragão só com os punhos, presumo? – disse Aramil balançando
a cabeça e fingindo tentar segurar o riso.
- Presumiu
certo, grande mago – respondeu Oyama em tom de deboche – Algum problema com
isso?
- Nenhum, nobre guerreiro,
contanto que não fique para mim a tarefa de tirar os seus restos da boca do
dragão – respondeu Aramil com um riso cínico.
- O que vocês
sabem sobre o dragão, Hargor? – perguntou Erol ao anão.
- Apenas seu
nome e onde ele fez seu covil – respondeu o clérigo.
- E como ele se
chama? – perguntou Aramil.
- Charoxx –
respondeu Oyama.
- Charoxx... –
repetiu o mago em silêncio - Não me
lembro de nenhum dragão com este nome.
- Pelos deuses,
o nome dele não faz diferença! – gritou Bulma, impaciente com toda aquela
discussão, que, a seu ver, não passava de mera perda de tempo.
- Faz sim –
respondeu Astreya como se estive buscando no fundo de sua alma informações
sobre aquele nome – Acho... acho que ouvi histórias sobre ele...
- O que você
sabe? – interrompeu Oyama.
- Ele é um
dragão vermelho demoníaco com quase 700 anos de vida, que havia deixado nosso
mundo após a Grande Guerra dos Dragões, cerca de 300 anos atrás – respondeu
Astreya sem esconder o desânimo – De acordo com as histórias que ouvi, ele é um
conjurador ainda mais poderoso que Aramil, e é muito resistente a magias.
- Fraquezas? –
perguntou Erol.
- Armas sagradas
– respondeu Astreya – e magias que manipulem o elemento gelo e que sejam
capazes de sobrepujar sua resistência a efeitos mágicos.
- Me encarrego
da segunda parte – respondeu Aramil olhando para o céu, com confiança absoluta.
- E eu da
primeira – disse Hargor – Com a ajuda das lanças, vamos mandar este desgraçado
de volta para o abismo.
- Você já tem
tais magias preparadas, Aramil? – perguntou Astreya sabendo que todos os magos,
por mais poderosos que fossem, precisavam decorar diariamente as runas arcanas
correspondentes às magias que pretendiam utilizar.
- É óbvio –
respondeu Aramil em um tom distante, retirando seu belo grimório de capa
dourada de um bolso mágico em seu manto – Só preciso de alguns minutos.
Então ande logo,
mago – disse Bulma se permitindo um leve sorriso agora que a cerimônia fúnebre
havia terminado – porque eu estou ficando com fome e quero logo me saciar com um
bom pedaço de carne de dragão.
Oyama soltou uma
forte gargalhada, enquanto Aramil virou o rosto, enojado.
- Vocês não
elfos são realmente muito primitivos... – disse o mago para si mesmo, antes de
se concentrar totalmente em seus estudos.
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Conduzidos por
Hargor e Oyama, o grupo seguiu por trilhas ocultas nas montanhas, caminhos
secretos dos anões que levariam todos ao covil de Charoxx, um dragão vermelho
abissal com sete séculos de vida. Derrotando o dragão, os aventureiros
conseguiriam uma chave, que os permitiria entrar na Torre do Desespero.
Como era de se
esperar, ninguém estava com ânimo para conversas; eles haviam acabado de velar
um batalhão inteiro de anões e estavam indo rumo a uma batalha que, mesmo se
vencida, dificilmente seria ganha sem nenhuma baixa. Assim, o grupo caminhou em
silêncio quase absoluto por cerca de meia hora. Quando a trilha parecia
terminar em um enorme rochedo, a quase cem metros deles, Hargor fez sinal para
todos pararem:
- Aqui é a
entrada – disse o clérigo – é hora de nos prepararmos.
- Muito bem –
respondeu Oyama – vamos acabar logo com isso. Não temos a noite inteira.
- Apenas um tolo
corre em direção à própria morte – disse Aramil observando o rochedo, como se estivesse
pensando alto.
- E apenas um
covarde foge dela se escondendo atrás de cautela! – retrucou Oyama aborrecido.
- Basta! –
gritou Hargor.
- Estamos todos
nervosos – disse Astreya em tom conciliador – vamos nos acalmar e prosseguir
com os preparativos.
- Sábias
palavras – respondeu Erol subindo agilmente em uma pequena colina para observar
melhor a área – Supondo que o combate vá muito bem para o nosso lado, existem
passagens alternativas por onde Charoxx possa escapar?
- Não, apenas este
rochedo – respondeu Hargor em tom sombrio – para sair, ele teria que matar a
todos nós primeiro.
- Ótimo! – disse
Bulma repleta de confiança – isso significa que ele não vai fugir.
- Aquele rochedo
não é real, não é Hargor? – perguntou Aramil olhando para o clérigo.
- Olhos
perspicazes, elfo – respondeu o anão – há uma magia ocultando a entrada, mas
como este é nosso território, nós anões podemos ver através dela.
- Existem pelo
menos dez runas protegendo o lugar... – disse Aramil.
- Você pode
desativá-las? – perguntou Astreya ao mago.
- É claro -
respondeu Aramil com a arrogância de sempre – só preciso de alguns instantes.
Mas antes...
Subitamente, o
mago começou a se concentrar e fazer gestos rápidos e precisos com as mãos:
- Nobres espíritos elementais da água, ouçam meu chamado, e envolvam todos aqui
presentes em vosso manto protetor.
Neste momento,
todos sentiram como se uma tênue aura azulada envolvesse seus corpos.
- Isso nos
protegerá contra o sopro de fogo do dragão, pelo menos no início – disse Aramil
se voltando novamente para o rochedo.
- Ótimo – disse
Hargor batendo sua arma no chão. Conforme o clérigo começou a orar, runas azuis
brilharam em seu martelo de guerra, e uma aura prateada envolveu a todos.
- “Thanor, grande pai dos anões, invoco agora
tua nobre benção para esta batalha. Que nossos espíritos e corpos recebam o
vigor das montanhas, e que nossas armas golpeiem como o aço sagrado de tuas
Forjas”.
Enquanto a magia
de Aramil protegera o grupo contra magias e sopros de fogo, a benção de Hargor
tornara seus corpos e espíritos mais resistentes, além de consagrar as lanças
matadoras de dragão com uma poderosa energia divina.
- Eu me
encarrego de curar nossos ferimentos e renovar as proteções mágicas – disse
Astreya tirando de sua pequena bolsa arcana um cajado branco e alguns
pergaminhos.
- Certo –
concordou Hargor tirando de dentro de sua armadura de batalha um pequeno
amuleto em forma de martelo – Bulma, coloque isso em seu pescoço.
- Para quê? –
respondeu Bulma olhando curiosa para o amuleto.
- Vai proteger
você contra controle mental caso o dragão enfraqueça a proteção que Thanor nos
deu – respondeu o clérigo.
- Obrigada, mas Guarde
com você, clérigo – disse Bulma devolvendo o amuleto – ainda não houve ser
neste mundo capaz de dobrar minha força de vontade.
- Se este for o
primeiro – disse Oyama com um olhar sério para a bárbara – ele vai jogar você
contra o resto de nós...
- Não podemos
correr este risco, Bulma – continuou Erol percebendo a relutância da bárbara –
Se não colocar o amuleto, você não entrará conosco.
- Muito bem –
respondeu Bulma após alguns tensos instantes, colocando o amuleto de Hargor -
mas só porque isso foi abençoado pelos deuses da guerra.
Durante a
pequena discussão, Aramil estendeu as duas mãos na direção do grande rochedo. Um
vento forte partiu de seus dedos, e todos ouviram um grande estalo.
- Pronto... –
disse Aramil exausto, secando gotas de suor de sua testa – todas as runas foram
removidas.
- Chegou a hora!
– gritou Oyama batendo uma mão contra a outra.
O grupo avançou
em direção ao imponente rochedo. Hargor entrou primeiro e os demais, mesmo
vendo uma intransponível barreira natural, fecharam os olhos e seguiram o
clérigo. Ao passar pela entrada, todos se viram em um gigantesco corredor de
rocha vulcânica, com filetes de lava correndo pelo chão e pelas paredes. O
calor incomodava, mas não feria, graças à proteção conjurada por Aramil.
Conforme
andavam, todos sentiam como se seus espíritos estivessem sendo esmagados por
uma presença invisível, absurdamente antiga e poderosa. Astreya instintivamente
pegou sua harpa e começou a entoar uma canção para encorajar seus companheiros,
quando todos ouviram uma voz grave e maliciosa ecoando por todo o imenso
corredor:
- Sejam bem
vindos, nobres “heróis”. Tenho certeza que me trouxeram doces oferendas para
compensar os servos orcs que vós e aqueles malditos anões matastes. Ficarei com
vossa barda e estas ignóbeis lanças, além do resto de vossos pertences mágicos.
Venham a mim, bravas almas, pois Charoxx, o Destruidor de Mundos, também vos
dará um belo presente...
No instante
seguinte, um pulso de energia percorreu ferozmente o amplo corredor, anulando
todas as proteções mágicas dos nobres aventureiros.
Tudo aconteceu
muito rápido.
Quando a magia
de Charoxx, o Destruidor de Mundos, atingiu o grupo de heróis como uma onda de
choque anulando suas proteções mágicas, todos ficaram momentaneamente
imobilizados pela surpresa. Como aventureiros experientes, já estavam prontos
para a possibilidade de perecerem enfrentando o dragão, mas naquele momento,
sentiram que seria possível tombar antes de sequer chegar perto de seu inimigo.
- Estais com frio, bravos aventureiros? – debochou Charoxx maliciosamente com sua poderosa voz, que ecoava
por todo o grande corredor – Ou será
medo? Seja como for, tenho algo para esquentar vossos corpos e corações.
Charoxx respirou
fundo. Quando soltou o ar, um gigantesco jato de fogo preencheu completamente o
corredor, indo velozmente na direção dos heróis.
- Aramil! –
gritou Astreya.
- Eu sei,
meio-humana! – gritou o mago elfo estendendo seu cajado dourado a frente com a
mão direita enquanto fazia gestos sutis com a mão esquerda.
O cajado de
Aramil brilhou e uma redoma de energia se formou em volta dos heróis, pouco
antes do sopro de fogo de Charoxx atingi-los.
- Quanto tempo
sua barreira agüenta, Aramil? – perguntou Oyama.
- Até que o
dragão use um raio de desintegração para destruí-la – respondeu Aramil sem a
habitual arrogância, pois precisava se concentrar muito para manter a redoma,
que era impiedosamente atingida pelo feroz sopro de fogo de Charoxx.
- Temos que ser
rápidos – disse Hargor erguendo seu martelo e começando novamente uma oração:
- “Grande
Pai e forjador de almas, invoco tua nobre benção para esta batalha. Que uma vez
mais nossos espíritos e corpos recebam o vigor das montanhas, e que nossas
armas golpeiem como o aço sagrado de tuas Forjas”.
Novamente uma
aura prateada envolveu os heróis, que se sentiram mais fortes e vigorosos.
Astreya fechou os olhos e se concentrou por um momento. Quando a barda abriu os
abriu, estendeu sua mão e começou a conjurar um antigo encantamento ensinado a
ela por sua mãe.
- “Nobres espíritos do plano astral, permitam
nossa passagem e nos levem diretamente até nosso destino”.
No instante em
que a barda proferiu a última palavra, um pequeno portal mágico de cor azulada apareceu
diante de todos, dentro da redoma mágica de Aramil. Neste exato instante, o
sopro do dragão inesperadamente cessou.
- Ele vai
desintegrar a muralha! – Gritou Aramil
- Passem pelo
portal, rápido! – gritou Astreya
- Seu portal vai
nos levar para fora, não é? – perguntou Aramil já sabendo a resposta que
obteria.
- Não, para
dentro – respondeu Astreya um tanto insegura, pois poderia estar levando todos
para a morte – temos uma missão a cumprir.
- Sua louca,
como você...
Antes que Aramil
pudesse concluir seu protesto, Oyama o agarrou e saltou com o mago em direção
ao portal.
- Vamos, elfo –
disse Oyama nervoso, mas se divertindo com a expressão no rosto de Aramil – ele
iria nos achar lá fora mesmo. Agora é matar ou morrer!
- Depressa! –
gritou Erol entrando no portal, seguido de Bulma, Hargor e Astreya.
Após
atravessarem o portal, todos se viram dentro de uma imensa caverna no interior
da montanha, cujo tamanho comportaria seguramente um forte de médio porte. As
paredes eram negras, iluminadas por centenas de filetes de lava incandescente.
A cerca de vinte metros, deitado e de costas para eles, estava Charoxx, o
Dragão Abissal.
Mais uma vez,
todos ficaram momentaneamente imóveis. Mesmo estando deitado, já sabiam que
aquele era o maior dragão que já encontraram. Suas escamas pareciam tão
espessas quanto uma parede de mitral, e eram de cor vermelha levemente
enegrecida. Em alguns pontos, elas apresentavam terríveis cicatrizes,
comprovando que aquele dragão provavelmente já sobrevivera a muitas batalhas. Suas
garras pareciam capazes de rasgar o mais forte escudo já forjado pelos melhores
ferreiros anões de Elgalor.
- Trouxestes meus presentes, jovens crianças?
– perguntou o dragão sem se mover, com uma voz doce e suave, quase como se
fosse um amigo de longa data.
Astreya pegou
sua harpa e começou a tocá-la de maneira suave. A barda sabia que a voz de um
dragão pode enfeitiçar mesmo os mais fortes espíritos, mas sua música poderia
anular este efeito, ao menos por algum tempo. Neste momento, todos permaneceram
em silêncio, prontos para atacar, mas tensos, esperando alguma armadilha por
parte de Charoxx. Se divertindo com a apreensão dos heróis, o grande dragão
virou seu pescoço lentamente e pela primeira vez todos puderam ver sua face.
O rosto de
Charoxx possuía uma imensa cicatriz próxima ao olho direto, que brilhava como
um rubi. Seu outro olho era incandescente como o magma. Suas presas, enormes e
disfarçadas em um leve sorriso, poderiam facilmente dilacerar a poderosa
armadura de Hargor.
- Bela melodia, barda. Tu cantarás em minha
honra por muitas noites – disse o dragão apenas observando os aventureiros
– Chegai mais perto, crianças e deixai no
chão meus presentes.
Aramil, mais do
que os outros, fitou com atenção o olho esquerdo de Charoxx. Após alguns
instantes, o orgulhoso mago sentiu que precisava reunir toda sua força de
vontade para não fugir em completo pânico, pois compreendera o que aquele olho
representava. Astreya mudou sutilmente o tom da melodia que entoava com sua
harpa, e todos os aventureiros sentiram um pulso de coragem e sede de batalha
inundarem seus corações.
- Venha pegar
seus presentes! – gritou Oyama correndo em direção ao dragão.
- Morte!! –
urrou Bulma entrando em seu estado de frenesi guerreiro, correndo ferozmente na
direção de Charoxx enquanto seus músculos se expandiam conferindo à bárbara
força e vigor quase sobrenaturais.
- Nobres espíritos elementais da água, ouçam meu chamado, e envolvam todos aqui
presentes em vosso manto protetor – Disse Aramil se concentrando para
conjurar sobre seus aliados a proteção elemental contra o sopro de fogo do
dragão. O mago pretendia neste momento conjurar uma proteção elemental
diferente para caso o dragão optasse por atacar usando gelo ou raios, mas como
a anterior fora dissipada por Charoxx, o elfo não tinha escolha; a prioridade
era proteger seus aliados contra o sopro de fogo. O que viesse diferente disto,
eles teriam que resistir por conta própria.
Hargor e Erol
avançaram com as lanças, enquanto Astreya permaneceu para trás, junto a Aramil,
para oferecer suporte mágico ao grupo.
“Irmãos de armas, companheiros de jornada,
que por nossas armas este nefasto dragão sinta o poder de nossa coragem e
justiça. Que nossas lanças rasguem e perfurem, e que diante do perigo, nossos
corações jamais recuem” – cantou a barda, fortalecendo ainda mais o
espírito de luta dos bravos guerreiros.
Subitamente,
rápido como um raio, Charoxx se levantou e abriu suas gigantescas asas. Os
aventureiros notaram que seu corpo inteiro era coberto por terríveis
cicatrizes. Ele gargalhou e depois rugiu. Tamanha era a presença e o poder do
Dragão abissal, que os heróis sentiram seus corações pararem. Sentiram-se como
ratos diante de um tigre feroz.
- Agora, mortais, sabereis por que sou chamado
de Destruidor de Mundos – bradou Charoxx em um tom sinistro e imponente.
Contudo, movidos
por sua própria coragem de ferro e pela canção de batalha de Astreya, todos
continuaram avançando ferozmente. Como Oyama havia dito, agora era matar ou
morrer.
Charoxx puxou
novamente o ar e liberou seu terrível sopro de fogo sobre todos os
aventureiros. Mesmo Aramil e Astreya, que estavam um pouco mais afastados,
foram atingidos. A proteção mágica conjurada por Aramil resistira bem a este
primeiro ataque, mas o mago sabia que o que restara de sua magia era suficiente
para proteger a todos apenas do calor insuportável da imensa caverna. Mais um
sopro, e estariam todos mortos.
Oyama, Hargor,
Erol e Bulma avançaram ainda mais, prontos para atacar. Contudo, no momento em
que o sopro de fogo cessou, Aramil gritou:
- O olho do
dragão!
Hargor sentira
uma forte emanação de magia ao redor do dragão, mas não pudera identificar sua
origem. Agora, estava claro. Dolorosamente claro.
O olho direito
de Charoxx brilhou, e uma corrente de relâmpagos rompeu na direção dos
aventureiros. O raio central atingiu Bulma impiedosamente, derrubando a
poderosa bárbara, e outros cinco raios menores rumaram ferozmente em direção
aos outros heróis.
Com grande
agilidade, Oyama e Erol esquivaram-se dos raios, e avançaram em direções
opostas, tentando flanquear o dragão. Astreya conseguiu se desviar um pouco, o
suficiente para reduzir o impacto total do raio. Já Hargor e Aramil foram
atingidos em cheio.
Apesar da dor, o clérigo anão conseguiu se recobrar rápido
devido à resistência física de seu povo e avançou. Aramil foi arremessado cerca
de dez metros para trás por causa do impacto, e por pouco não perdeu a
consciência.
- VOU ARRANCAR
SUAS ENTRANHAS POR ISSO! - gritou Bulma se
levantando em um frenesi completamente ensandecido. Tamanha era sua fúria, que
ela se esqueceu de pegar a lança matadora de dragões no chão e avançou com seu
machado.
Erol golpeou
Charoxx com a lança, que emitiu um brilho dourado quando atingiu as espessas
escamas do dragão. Charoxx uivou de dor, não tanto pelo ferimento, mas sim por
causa da poderosa magia contida nas lanças. Do outro lado, Oyama golpeou com
toda sua força, mas seus punhos não foram capazes de romper as escamas do
dragão abissal. Neste momento, Hargor e Bulma se aproximaram para entrar na
batalha.
Ajudando Aramil
a se levantar, Astreya ergueu seu cajado de cura e entoou um pequeno
encantamento:
- Que as forças divinas da vida e da luz curem
nossos ferimentos.
O cajado branco
brilhou e todos foram envolvidos por uma aura de pura luz. Neste instante,
todos sentiram a dor diminuindo e seus ferimentos sendo levemente curados.
- Isso não vai
funcionar – disse Aramil tenso, pegando seu cajado dourado.
- O que você
está falando, Aramil? – perguntou Astreya aborrecida com o pessimismo do mago.
- O olho direito
de Charoxx – respondeu o mago ainda sentindo os efeitos do relâmpago que o
atingira – ele está drenando nossa proteção elemental, e ao mesmo tempo
protegendo o dragão contra quaisquer magias que nós lancemos contra ele. Posso
superar a resistência natural que Charoxx tem contra magias, mas não a
resistência que o olho lhe confere. Se não o anularmos, não teremos chance
alguma.
Hargor se
posicionou ao lado de Oyama, e Bulma golpeou ferozmente o abdômen do dragão com
seu machado, fazendo um corte profundo nas resistentes escamas de Charoxx, que
apesar da força do impacto, não esboçou nenhuma feição de dor. Oyama desferiu
mais uma série de socos que poderiam destruir rochas, mas que não tiveram efeito
algum contra a couraça do poderoso dragão.
- Você está
fazendo cócegas, guerreiro maldito – zombou Charoxx chicoteando Oyama com sua
poderosa cauda, enquanto avançava com suas garras sobre Erol, estranhamente
ignorando Bulma.
Estando próximo
de Oyama, Hargor usou sua lança na cauda de Charoxx.
- Não nos
subestime! – bradou o clérigo anão.
O dragão mais
uma vez uivou de dor, mas ainda assim foi capaz de derrubar tanto o guerreiro
quanto o anão com a força de seu golpe. Como navalhas, suas garras atingiram
Erol, que mesmo se protegendo com a lança, teve o peito quase rasgado pelas
garras de Charoxx e caiu no chão com a força do impacto. Bulma avançou
novamente, e o dragão abissal sorriu.
Quando a bárbara
estava perto o bastante, Charoxx virou a cabeça velozmente e cravou suas presas
no corpo da bárbara, que agora urrava de fúria e dor. Veterano de muitas
batalhas, o dragão sabia que se tentasse morder Hargor ou Erol, eles usariam as
lanças para frustrar o ataque, e ainda golpeariam o interior de sua boca com as
armas de haste. Feito extremamente difícil de se conseguir quando está se
empunhando um machado ou espada. Charoxx
levantou sua cabeça e pressionou novamente o corpo de Bulma entre suas presas
afiadas.
- Pelo menos
estamos livres de mais um sopro por enquanto – disse Aramil enquanto
concentrava energia em seu cajado.
- Vou fingir que
não ouvi isso! – respondeu Astreya furiosa pegando seu arco de prata.
- Acerte uma
flecha no olho direito – disse o mago ignorando a fúria de sua companheira – mesmo
que pegue apenas de raspão já será o suficiente.
“Mesmo de
raspão”, resmungou Astreya para si mesma enquanto retesava seu arco mágico.
Erol poderia fazer um disparo como este, mas ela...
- Não é hora
para ter dúvidas – disse Astreya enquanto mirava – como Oyama disse, agora é
matar ou morrer - Nisso, a barda disparou seu arco, e uma flecha prateada
composta de pura energia rasgou o ar.
E atingiu em
cheio o peito de Charoxx, deixando um pequeno chamuscado nas escamas do dragão.
- Incrível...vocês
meio-humanos não conseguem fazer nada direito, não é? – disse o mago elfo.
- Aramil... –
respondeu Astreya rangendo os dentes e preparando mais uma flecha.
- ISTO É TUDO O
QUE VOCÊ TEM? – Gritou Oyama limpando o sangue da boca enquanto ele e Hargor se
colocavam de pé.
Com algumas
costelas quebradas, Oyama e Hargor se levantaram, e novamente atacaram Charoxx,
com ainda mais ferocidade. A lança do clérigo anão atingiu com força o local
onde Bulma havia golpeado, e quando o dragão se virou para retaliar o ataque, sentiu
a lança do ferido Erol sendo cravada em suas costas.
- O tempo e o
poder o deixaram descuidado, monstro! – disse Erol puxando sua lança da couraça
do dragão enquanto lutava para manter a consciência e se posicionar para mais
um golpe.
Mais três flechas
prateadas zuniram, atingindo o peito, a garganta e uma pata do dragão, sem
causar qualquer dano. Oyama saltou e desferiu um poderoso chute onde Erol havia
acertado a lança pela primeira vez, e pode notar que agora seu golpe fora
sentido pelo dragão.
Mesmo com os
músculos sendo dilacerados pela mandíbula de Charoxx, Bulma ainda tentava
lutar. Usando seu machado com o braço que ainda estava livre, ela golpeou
ferozmente um dos dentes do dragão, causando uma pequena rachadura na afiada
presa do dragão.
Sangrando e
furioso, Charoxx usou sua cauda para esmagar Erol contra a parede da caverna,
tão rápido que o exausto ranger não pode posicionar sua lança para interromper
o ataque. Enquanto rasgava a carne e esmagava os ossos de Bulma com suas
presas, o dragão rasgou as costas de Oyama com sua garra direita e golpeou
Hargor violentamente com a esquerda, quase decapitando o clérigo. Mais três
flechas prateadas zuniram na caverna. A primeira atingindo a cauda de Charoxx,
a segunda raspando nas escamas de seu pescoço, e a terceira, raspando levemente
no olho direito do dragão.
- Finalmente...
já estava pensando que não havia limite para a incompetência de vocês não elfos
– disse Aramil apontando o cajado dourado, pulsando com uma enorme quantidade
de energia arcana, na direção de Charoxx.
- CALE-SE E FAÇA
ALGUMA COISA! – Gritou Astreya nervosa por não ter acertado o disparo mais cedo
e sem paciência alguma com os comentários arrogantes do companheiro.
- “Espíritos do ar e da água, unam-se perante
meu pedido, e convertam-se na avassaladora força do frio que tudo congela!”
– recitou o mago élfico, e um imenso cone de energia congelante partiu de seu
cajado, explodindo brutalmente no peito de Charoxx. O enorme e orgulhoso dragão
recuou com a força do impacto e se contorceu de dor e ódio, mas não soltou a
bárbara. Astreya novamente empunhou seu cajado de cura e todos os heróis
sentiram um pulso de energia positiva curar um pouco seus terríveis ferimentos.
- Por que... –
disse Oyama se levantando com dificuldade...
– ele não solta a Bulma?
- Ele vai
soltá-la só quando puder lançar outro sopro de fogo – respondeu Hargor se
aproximando de Oyama – Vai cuspi-la em você ou em Erol, para evitar que se
esquivem, e vai carbonizar todos nós em seguida. Precisamos
acabar com isso agora.
- Me cubra –
disse Oyama – e torça para que o Erol esteja consciente.
- Muito bem –
disse Hargor.
O clérigo se
concentrou e fechou os olhos por um instante
- “Thanor, conceda a benção da forja e do
trovão à minha lança, e que Tua fúria divina nela se manifeste” – orou o
clérigo, e sua lança foi envolvida por uma poderosa energia como se dentro dela
estivessem presos mil relâmpagos.
- Por Thanor! –
Gritou Hargor se lançando em um ataque furioso contra Charoxx.
O dragão abissal
reconhecia o perigo da lança do anão, por isso lançou sua cauda lateralmente na
direção do clérigo enquanto sugava o ar da caverna pelas narinas para em
seguida lançar mais um feroz sopro de fogo. Charoxx, contudo, não cairia no
mesmo ardil duas vezes.
Quando Hargor
posicionasse a lança para interceptar o golpe, Charoxx mudaria o sentido do
ataque, fazendo com que a cauda esmagasse o anão. Para a surpresa de Charoxx,
Aramil e Astreya, Hargor simplesmente jogou a lança no chão, e foi atingido
violentamente pela cauda do dragão. Todos ouviram o som dos ossos do clérigo se
quebrando, e quando ele caiu inconsciente no chão, não era possível determinar
se ele estava vivo ou morto.
Charoxx notou
que algo estava errado, mas ante que pudesse analisar o ocorrido, viu Oyama com
os punhos fechados, dando um grande salto em direção à sua boca, usando o corpo
do próprio dragão como plataforma para atingir a altura desejada.
- Cócegas, não
é? – disse o guerreiro em pleno ar, enquanto desferia um soco com toda sua
força no dente do dragão que Bulma atingira com o machado.
O impacto do
soco foi terrível. Oyama sentiu os ossos de sua mão se quebrando, mas sorriu
satisfeito ao ver que o dente se quebrou completamente com o impacto do golpe.
Charoxx perdeu o ar e urrou de dor, deixando a bárbara cair.
- Pegue a Bulma,
Aramil! – disse Astreya correndo em direção à lança de Hargor.
- Não me dê
ordens, meio-humana – disse Aramil conjurando uma lufada de vento para descer o
corpo de Bulma suavemente até o ponto onde Astreya estaria.
Antes que Oyama chegasse
ao chão, o dragão o agarrou com uma das garras e esmagou o corpo do guerreiro
com toda sua fúria. Oyama sentiu todas as suas costelas se quebrarem, e quando
sentiu sua coluna começar a se partir, a lança de Erol, em um arremesso
perfeito, se enterrou na pata de Charoxx, obrigando o dragão a soltar o corpo
do guerreiro, que perdera a consciência naquele instante.
- Não me ignore,
lagarto imbecil! – provocou Erol, que apesar de muito ferido, sacou suas
espadas. O ranger sabia que seria morto agora, mas precisava ganhar um pouco de
tempo para que Aramil e Astreya agissem. Charoxx avançou sobre Erol para
triturar o elfo com sua mordida, quando um pequeno portal apareceu atrás do
ranger e o sugou para dentro, transportando-o magicamente para onde estava Aramil.
- “Espíritos da luz e da vida, curem os
ferimentos de minha amiga” - disse Astreya tocando o corpo de Bulma e
conjurando a magia de cura mais poderosa que conseguia.
- Precisamos de
você, Bulma – disse Astreya quando a bárbara abriu os olhos.
Por instinto,
Bulma levou a mão à lança de Hargor, e mesmo muito ferida, levantou, rosnou e
correu na direção de Charoxx.
- Me desculpem
pelo trabalho – disse a bárbara fitando os olhos de Charoxx – juro pela minha
vida que vou levar você para o inferno comigo, dragão desgraçado!
O dragão, por
sua vez, sugou o ar da caverna mais uma vez e se preparou para lançar seu
último sopro, que transformaria em cinzas todos que ainda estavam de pé.
Erol, que
observara atentamente tudo o que havia ocorrido até ali, guardou suas espadas e
sacou seu arco longo. Aramil se concentrou novamente. O arco élfico de Erol se
retesou, e uma flecha rasgou o ar, atingindo em cheio o olho direito de
Charoxx. Aramil lançou mais uma poderosa rajada de energia congelante, desta
vez, mirando na cabeça do dragão, para tentar anular o sopro.
Astreya cantou e
o espírito de Bulma explodiu em fúria e determinação. No instante em que a
rajada de Aramil atingira a cabeça de Charoxx, a bárbara cravou a lança de
Hargor no abdômen ferido do dragão, no mesmo instante em que ele usou as garras
de suas duas patas dianteiras para perfurar o corpo de Bulma. A lança,
carregada com o poder de Thanor, explodiu dentro do dragão, derrubando-o, e um
grande clarão cegou todos na caverna.
Quando puderam
enxergar de novo, Astreya, Aramil e Erol viram a carcaça sem vida de Charoxx,
em meio aos corpos destruídos de seus valorosos amigos.
..............................................
O combate contra
Charoxx fora vencido. Mas a um alto custo; no fim do confronto, apenas Astreya,
Aramil e Erol permaneciam de pé. Com a mão sobre o enorme ferimento em seu
abdômen, Erol desviou-se do corpo tombado de Charoxx e se aproximou do corpo de
Hargor, que estava praticamente esmagado pelo impacto da cauda do dragão
abissal.
- Ele... – ele
está vivo? – perguntou Astreya aflita, sentindo seu coração quase parar.
Erol se abaixou
e colocou a mão sobre a garganta do clérigo, para verificar seus sinais vitais.
Após um momento...
- Está – respondeu
o ranger, que perdia sangue rapidamente – é preciso mais do que isso para matar
um anão, mas ele precisa ser curado rápido.
- Sim – disse
Astreya correndo em direção ao corpo de Hargor – mas e os ...?
- Cure Hargor,
Astreya – interrompeu Aramil andando na direção dos corpos de Oyama e Bulma,
que estavam relativamente próximos – depois o clérigo se encarregará dos
demais.
O mago elfo
chegou perto do corpo de Oyama, que estava totalmente quebrado e banhado em
sangue.
- Ele está vivo?
– perguntou Astreya impaciente enquanto conjurava um feitiço de cura em Hargor.
- Barda –
respondeu o mago com uma expressão de desprezo no rosto - Você não espera que
eu toque neste...
- ARAMIL! –
gritou Astreya furiosa.
- Humph! –
resmungou Aramil, abaixando-se e verificando os sinais vitais de Oyama – parece
que teremos que agüentá-lo por mais algum tempo. E antes que você berre
novamente, Bulma também está respirando.
A magia de cura
que fluiu pela mão de Astreya envolveu o corpo de Hargor com uma luz dourada, e
o clérigo anão abriu lentamente os olhos.
- Você... não é
Thanor – disse Hargor tentando
reorganizar os pensamentos – o que significa que vencemos. Como estão os
outros?
- Vivos –
respondeu Erol se sentando e sentindo que seus sentidos já começavam a deixá-lo
– eu... apreciaria sua ajuda, anão.
- Certamente –
disse Hargor ainda muito ferido, levantando-se vagarosamente.
- Thanor, pai e senhor de todos os anões –
disse o anão erguendo seu martelo – que
por tua benção e poder sagrado os ferimentos de meus bravos irmãos de armas
sejam curados!
O martelo de
Hargor brilhou intensamente, e um círculo de energia positiva envolveu o corpo
de todos os heróis, curando parcialmente seus grandes ferimentos. O clérigo
repetiu o encantamento mais três vezes, e, após alguns minutos, todos estavam
de pé. Ainda feridos, mas de pé.
- Dragão
maldito! – gritou Bulma enterrando o machado violentamente na boca de Charoxx,
arrancando um dos dentes do dragão – Isto, pelo menos vai virar um belo colar –
disse a bárbara contemplando a grande presa.
- Essa foi
dura... – disse Oyama pressionando as costelas que a pouco estavam quebradas –
Agora é só encontrar o tesouro.
- Seus tolos...
– resmungou Aramil colocando a mão no rosto – caso tenham se esquecido,
precisamos da chave para abrir a Torre do Desespero.
- O tesouro do
dragão é um bom lugar para começar a procurar, elfo! – retrucou Oyama.
- Nós não
sabemos o que é a chave... – disse Astreya.
- Eu já a
encontrei – respondeu Aramil sem paciência.
Todos ficaram
calados por um instante.
- Se você já
encontrou a chave, mago – disse Hargor – qual é o problema?
Aramil estendeu
sua mão e conjurou uma magia de telecinésia. O olho direito de Charoxx começou
a tremer e a emitir um brilho avermelhado. Em seguida, saiu do corpo do dragão
e foi em direção à mão do mago elfo.
Aramil pegou o
olho com as duas mãos, pois ele era totalmente sólido, tinha cerca de trinta
centímetros de diâmetro e pesava aproximadamente dez quilos.
- Esta é a
chave? – perguntou Bulma incrédula - O olho do dragão?
- Isso não é um
olho verdadeiro, bárbara. É um artefato poderoso – respondeu Aramil.
- Hargor tem
razão, Aramil – disse Erol – você parece perturbado. Qual é o problema?
Aramil girou o
olho e todos puderam ver duas rachaduras; uma lateral e outra no centro.
- Nossas flechas...
– disse Astreya se recordando dos pontos onde as flechas que ela e Erol
dispararam atingiram o olho mágico do dragão.
- Não podemos
mais usá-lo? – perguntou Hargor.
- Apesar das
rachaduras serem pequenas, elas foram causadas pelas flechas de Erol e Astreya,
que eram mágicas – explicou Aramil – a energia arcana armazenada nele é imensa,
e está completamente instável. Entre dois, ou no máximo três dias, ele
explodirá.
- E a explosão –
continuou Aramil – seria mais poderosa do que dez sopros de Charoxx.
- Então,
precisamos consertá-lo – disse Oyama.
- Os magos de
Sindhar poderiam fazer isto – disse Erol.
- Mas
precisariam de vários dias de estudo – respondeu Aramil – dias que não temos.
- Há uma
alternativa... – disse Astreya – ouvi histórias sobre um gnomo que é
especialista em itens mágicos. Na construção e reparo deles.
- Um gnomo? –
zombou Aramil sarcasticamente – Um GNOMO? Vamos deixar que Oyama conserte a
chave com murros de uma vez...
- Vou consertar
outra coisa se você não calar a boca... – retrucou o guerreiro humano.
- Você acha que
ele realmente pode fazer isso, Astreya? – perguntou Hargor.
- Não sei –
respondeu a barda – mas é a melhor chance que temos, e com as magias de
teletransporte de Aramil, não perderemos muito tempo.
- Gnomos são
notoriamente conhecidos como grandes pregadores de peças, mas têm certa
habilidade para lidar com itens mágicos. – disse Erol - É arriscado, mas parece
a melhor chance que temos.
- Muito bem –
concordou Aramil com hesitação – preciso preparar minhas magias, mas amanhã
iremos até este gnomo. Tempos desesperados pedem medidas desesperadas. E além
do mais, se o olho explodir, pelo menos não será em Sindhar.
Esta imagem do dragão ficou magnífica! Ótima escolha!
ResponderEliminarTambém achei. É a minha interpretação de leitor, claro
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