sexta-feira, 29 de agosto de 2014

As crónicas de Elgalor Capítulo III: O gnomo, a bruxa e o demônio

            Autor: Odin 


Logo após todos serem devidamente curados, foi decidido que o grupo permaneceria em uma clareira próxima à caverna de Charoxx durante aquela noite para repousar, e que partiriam ao amanhecer à procura do mago gnomo indicado por Astreya, na esperança que ele pudesse consertar a chave que seria usada para abrir a Torre do Desespero. Era arriscado armar um acampamento fora da caverna, mas era preciso, pois o calor e a fumaça venenosa do covil de Charoxx os mataria se permanecessem lá por muito tempo. Por precaução, o grupo decidiu se revezar em rondas de duas horas para garantir que não seriam surpreendidos por eventuais inimigos enquanto dormiam.

A noite passou e não houve problema algum; como eles já esperavam, não haveria muitas criaturas tolas o bastante para perambular às portas do covil de um dragão tão poderoso. Mesmo cientes disto, nenhum deles chegou vivo até aquele ponto correndo riscos desnecessários. Por isso, a decisão de fazer rondas foi aceita de forma unânime. Quando todos despertaram, ao raiar do sol, se prepararam para fazer um rápido desjejum, enquanto Hargor fazia suas orações e Aramil preparava suas magias. Subitamente, Astreya gritou:
- Pessoal, onde está Oyama?
- Ou o idiota foi atrás do tesouro do dragão ou foi devorado por um gigante ou algo parecido – respondeu Aramil com desinteresse, sem tirar os olhos de seu grimório – Não que importe.
- Nós temos que procurá-lo – disse Astreya irritada com o tom de voz do mago.
- Por quê? – perguntou Aramil enquanto memorizava suas magias.
- Calma... – respondeu Erol – Ele realmente foi atrás do tesouro. Eu disse que não havia nada lá, pois eu mesmo procurei, mas ele não acreditou e quis checar com os próprios olhos.

- Droga! – ecoou a voz de Oyama de dentro do covil de Charoxx – realmente não há tesouro nenhum!
- Eu avisei – respondeu Erol pegando um pouco de frutas secas e pão que o grupo trouxera de Sírhion e Sindhar.
- Charoxx se estabeleceu aqui há pouco tempo – disse Hargor bebericando seu vinho enquanto Oyama voltava – Talvez ele não tenha tido tempo de trazer seu tesouro para cá.
- Faz sentido – respondeu Astreya – afinal, estas montanhas fazem divisa com o reino de Darakar, e seria tolice trazer o tesouro para cá e correr o risco dos anões o tomarem.
- Então onde está o tesouro dele? – perguntou Oyama tomado por uma grande frustração.
- Na Torre do Desespero, provavelmente – respondeu Erol – de qualquer forma, precisamos ir.
Aramil balançou a cabeça em desaprovação, se virou para Astreya e disse:
- Procurar este gnomo é uma perda de tempo, mas, como não temos outra escolha, me diga quem é e onde podemos encontrá-lo.
- O nome dele – respondeu Astreya – é Nubling Erkenwald – e se as histórias estiverem corretas, ele tem um laboratório na floresta de Kharnat, próxima às Montanhas de Ferro, a leste de...
- Eu sei onde fica – interrompeu Aramil.

Os heróis terminaram a refeição, recolheram o acampamento e se aproximaram do mago. Aramil começou a entoar um pequeno ritual, e a fazer alguns gestos fluidos e precisos com as mãos. Um clarão iluminou toda a clareira, e no instante seguinte, todos haviam sumido.


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Quando se deram conta do que havia ocorrido, o grupo se viu em uma grande e densa floresta, repleta de árvores imponentes de aspecto muito antigo. Subitamente, algumas árvores começaram a mover sutilmente seus poderosos galhos e Bulma teve a impressão que uma delas andara em sua direção.

- Entes – disse Erol surpreso – esta floresta é guardada pelos pastores das árvores.
- Eles são hostis? – perguntou Hargor.
- Apenas se nos virem como ameaça para a floresta – respondeu o ranger.
- Mande elas se afastarem de mim, elfo – grunhiu Bulma, empunhando seu machado – ou vou transformá-los em lenha.
- Guarde o machado, meio-orc tola! – disse Aramil em tom severo – é por sua causa que eles estão tensos. Eles não conseguem diferenciar você de um orc, não que esta seja uma tarefa fácil. De qualquer forma, guarde seu machado agora!
Bulma lançou um olhar feroz para o mago, e lançou um cuspe que atingiu a barra do manto de Aramil. Mas mesmo assim fez o que ele disse e guardou sua arma. Em seguida, Astreya começou a entoar uma suave melodia com sua harpa.
“Espíritos da terra, do vento e da água,
Nós saudamos estes nobres guardiões, que há eras
Defendem com amor e firmeza estas terras.
Oh, poderosos pastores, permitam nossa travessia,
Pois mal algum virá destes que seguem o caminho da luz e da harmonia.”

- Uma canção élfica... – observou Erol.
- Que funcionou muito bem – concluiu Oyama – olhem!
Lentamente, as majestosas árvores começaram a se mover e uma tênue trilha surgiu em meio à floresta. Ela era fina e sinuosa, e parecia ter mais de um quilometro de comprimento. Sem opções, os heróis seguiram em frente, com Erol tomando a dianteira.

O grupo caminhou seguindo a trilha em silêncio por cerca de meia hora, tendo a forte sensação de estarem sendo observados. O vento soprava por entre as grossas copas das árvores, como se também estivesse vivo e monitorando cada passo que os heróis davam.
- Até quando vamos precisar andar? – perguntou Bulma impaciente.
- Até que o gnomo de Astreya salte das árvores para consertar o olho de Charoxx ou para nos contar piadas idiotas – resmungou Aramil.
- Cale a boca, Aramil – respondeu Astreya zangada, realmente temendo que tudo aquilo se mostrasse uma grande perda de tempo.

Quando chegaram próximos a um grande rochedo, viram um pequeno gnomo de cabelos escuros, trajando roupas negras e azuis. Ele surgira do nada, possuía um cavanhaque bem aparado e carregava uma grande bolsa, repleta de poções e pergaminhos. Ao notar a surpresa nos rostos dos heróis, ele se curvou educadamente e disse:

- Saudações, nobres aventureiros. Bem vindos à Floresta de Kharnat. Eu sou Nubling Erkenwald. Em que posso servi-los?

O gnomo fez mais uma mesura aos aventureiros e disse:
- Espero que os guardiões da floresta de Kharnat não tenham lhes trazido problema. Com toda esta maldade que parece ter tomado conta de nosso mundo, eles estão mais alertas, e até um pouco paranóicos.
- Foi por isso que viemos – disse Astreya baixando a cabeça em sinal de respeito – Meu nome é Astreya, estes são meus amigos Erol, Aramil, Hargor, Bulma e Oyama. Viemos à sua procura, senhor Erkenwald.
- Entendo... – respondeu o gnomo coçando seu cavanhaque enquanto pensava por alguns instantes – bem, vamos entrar e tomar um chá enquanto vocês me contam toda a história.

Neste momento, Nubling se virou para o grande rochedo e fez gestos rápidos e precisos com sua pequena mão. Um portal esverdeado surgiu instantaneamente.
- Vamos, entrem – disse o gnomo sorrindo enquanto pulava no portal – não tenham medo!

Os aventureiros se entreolharam por alguns instantes e Astreya disse:
- Ele parece uma boa pessoa.
- Para você, qualquer um que não tenha um par de chifres e língua bifurcada parece uma boa pessoa, Astreya – resmungou Aramil.
- Já viemos até aqui – disse Hargor – vamos entrar.
- Espero que ele tenha mais do que chá para servir – disse Bulma – estou com fome.
- Haha  - gargalhou Oyama – um pernil e um caneco de cerveja realmente cairiam bem agora...

Nisso os heróis passaram pelo portal. Ao chegarem do outro lado, se surpreenderam, ao ver um imenso salão dentro da montanha, com diversas pedras exóticas que emitiam luzes de várias cores, estantes com centenas de livros e pergaminhos, um bem equipado laboratório de alquimia e muitos vidros contendo os mais variados tipos de poções. Satisfeito ao ver a expressão de espanto no rosto de todos os heróis, exceto Aramil, que se mostrava totalmente indiferente, Nubling conduziu todos até uma sala separada, que era iluminada por velas e pedras brilhantes, onde uma grande e bela mesa estava preparada, com oito pratos e xícaras, vários pães, uma cesta de biscoitos, muito queijo, duas grandes jarras brancas e três bules de chá.
- Você sabia que viríamos ou vive com mais alguém? – perguntou Erol desconfiado, ao pensar que seria impossível ter arrumado aquela mesa para tantas pessoas em tão pouco tempo.
- Na verdade, ranger – disse Nubling se sentando na ponta da mesa – tomei conhecimento da presença de vocês quando Astreya começou a cantar. Alguns animais amigos meus ouviram a bela canção e me avisaram que “amigos dos elfos” estavam na floresta. Mas, você está certo. Comigo, temos sete pessoas aqui e oito cadeiras.
- então você vive com mais alguém? – perguntou Astreya.
- Minha sobrinha – respondeu Nubling se servindo de chá –ela logo se juntará a nós. Agora se sentem, comam e me contem como eu posso ajudá-los.

Durante cerca de uma hora, Astreya, Oyama e Hargor cotaram toda a história à Nubling. Aramil permaneceu calado e taciturno o tempo todo, enquanto Oyama e Bulma devoravam os pães felizes ao saber que as jarras brancas continham vinho. Vinho anão.
Todos, exceto Aramil comeram e beberam.
- O vinho é ótimo – disse Hargor ao beber uma caneca inteira de uma vez.
- Sim, vem das Montanhas de Ferro – respondeu Nubling orgulhoso, pois vira que todos estavam apreciando muito sua refeição. Todos, exceto...
- Lorde Aramil – disse em tom de brincadeira Nubling  - coma, garanto que não há nada envenenado hoje.
- Obrigado, mais não estou com fome – respondeu o elfo.
- Os.. os biscoitos estão uma delícia, senhor Nubling – disse Astreya sinceramente, mas envergonhada pelo comportamento de Aramil.
- Fui eu mesmo quem fiz! – exclamou Nubling – Então, vocês querem que eu conserte o olho do dragão, não é? Deixem-me vê-lo.
Aramil tirou de sua bolsa mágica o olho de Charoxx, que era maior do que uma bola de cristal. Nubling pegou o orbe nas mãos e observou-o atentamente. Por fim disse:
- Vocês fizeram bem em trazer isto a mim... ele está instável, e no máximo amanhã vai explodir se não for consertado. O que talvez vocês não saibam, é que este olho, além de uma chave mágica, é também a filactéria que contém a alma de um dragão lich.

Todos ficaram boquiabertos com a revelação. Nem mesmo Aramil conseguiu esconder seu espanto.
- O guardião da Torre do Desespero é um dragão lich que era ligado à Charoxx – disse Astreya – se a filactéria pertencer a ele...
- Podemos usar o orbe para abrir a Torre e depois destruí-lo – completou Hargor.
- Sim! – exclamou Nubling – parece que finalmente vocês tiveram um pouco de sorte.

- Não – ecoou uma voz doce, porém firme vinda de das sombras de uma parede lateral – não tiveram.
Os aventureiros e Nubling se viraram para a sombra e viram uma bela jovem meio elfa, trajando um vestido vermelho e um longo manto negro. Sua pele era clara, seus cabelos ruivos e os olhos castanhos. Ela parecia séria, como se estivesse controlando um grande pavor.

 - Esta é Selwyna, minha sobrinha adotiva – disse Nubling tentando amenizar um pouco o tenso clima que se instalara.
- Selwyna – disse Astreya como se estivesse se lembrando de algo – A profetisa, a Bruxa da Rosa Negra?
- A própria – respondeu Nubling olhando fixamente para a sobrinha, começando a ficar preocupado – o que houve, querida?
- Sabendo que o guardião original não teria condições de oferecer resistência – disse Selwyna enquanto se aproximava, o mestre da Torre do Desespero trouxe diretamente de Pandemônio, da Cidadela do Massacre de Erythnul, uma criatura terrível.
- Quem? – perguntou Hargor em tom severo.

Quando Selwyna abriu a boca para dizer o nome, as pedras brilhantes que iluminavam a sala repentinamente se apagaram. Um vento frio e cortante surgiu do nada, apagando as velas da mesa, deixando o recinto na mais completa escuridão.

Subitamente, o vento se tornou mais forte, e trazia consigo ruídos terríveis de mulheres e crianças agonizando enquanto eram brutalmente assassinadas, sons de ossos se partindo e gargalhadas. Muitas gargalhadas.

- Há quanto tempo, velho Nubling... E você, bastardinha estraga prazeres, achou que seus avisos histéricos poderiam salvar vocês de mim?
- Quem ou o que é este idiota? – perguntou Oyama.
- O novo guardião, eu suponho – disse Aramil enquanto conjurava sutilmente uma magia para tentar descobrir se tudo aquilo se tratava de uma ilusão ou se a criatura realmente estava entre eles.
- Estes são realmente os ventos de pandemônio – disse Hargor em tom severo – mas não consigo sentir o foco de toda a energia profana que está ao redor de nós.
- Isto é porque – disse Selwyna em tom de desafio à criatura – ele não pode sair da torre, a menos que um ritual seja realizado.
- E este ritual logo será realizado - respondeu a criatura com uma malícia absurda – Não vai me cumprimentar, Nubling?
- Você... – disse Nubling remoendo memórias e colocando seus pensamentos em ordem – eu não conheço. E se achas que sou tolo a ponto de dizer teu nome e intensificar assim sua presença em minha casa, você também não sabe com quem está falando!
- Esta criatura seguiu você até aqui, feiticeira? – perguntou Erol olhando na direção de Selwyna.
- Não, ranger, ele seguiu vocês – respondeu Selwyna – eu fui alertada pelos espíritos que habitam o Lago de Cristal, onde eu estava, e vim para cá o mais rápido que pude.
- Demônio, a menos que você vá descer aqui para ser espancado – disse Oyama estralando os nodosos dedos de suas mãos - suma logo porque estamos no meio de uma refeição.
- Hahahahahahaha – você vai ser o primeiro, monge imundo – gargalhou a criatura.

No instante seguinte, o vento parou de soprar, e as luzes novamente se acenderam.
- Por Elvannus, Nubling, o que foi isso? – perguntou Astreya.
- Um antigo conhecido - respondeu o gnomo pensativo – que se perdeu completamente em seu caminho.
- Meio humana, você disse que ele veio atrás de nós – disse Aramil olhando com desconfiança para Selwyna – e há um ritual que supostamente irá liberá-lo da torre. O que você sabe sobre...
- “Meio humana” – interrompeu Selwyna – está insinuando alguma coisa, mago?
- Perdão, talvez eu deva chamá-la de bruxa mirim – respondeu Aramil irritado.
Enfurecida, Selwyna se aproximou de Aramil com o punho fechado e desferiu um soco, quando sentiu a mão forte de Hargor segurando gentil, mas firmemente seu pulso.
- Ele não vale o esforço, minha jovem – disse o anão olhando severamente para Aramil.
- Aramil – gritou Astreya – nós somos convidados aqui!
- Humph – resmungou o mago – eles sabem muito mais do que estão nos dizendo, sua tola. Mas como quiserem...
- Peço desculpas a ti, nobre feiticeira meio- ELFA – disse Aramil fazendo uma reverência a Selwyna – Agora, se puderes, por gentileza explicar qual a relação que este monstro tem conosco...
- Guarde suas desculpas hipócritas para si mesmo, mago – disse Selwyna aborrecida.
- Querida, por favor... – disse Nubling ainda tenso, tentando acalmar sua sobrinha.
- A relação entre vocês e este demônio, arqui-mago de Sindhar – disse Selwyna olhando fixamente nos olhos de Aramil - é que vocês precisam passar por ele para chegar ao topo da Torre do Desespero, e ele precisa devorar o coração de cinco de vocês para ficar livre em nosso mundo. Este é o ritual, e esta é a relação.
- Ele realmente veio atrás de nós...  – disse Astreya – nos desculpe pelo incômodo, senhor Nubling, e obrigada por nos orientar, Selwyna.
- Se me permite perguntar, Selwyna, mais por necessidade do que por desconfiança – disse Hargor – como você soube de tudo isso? Que ele precisa do coração de cinco de nós para se libertar?
- Tenho o dom de fazer premonições, e sempre que algo importante está para acontecer, os espíritos do lago de cristal me chamam, e o contato com eles “direciona” e amplifica minhas premonições – respondeu Selwyna.
- Nossa... – disse Astreya sorrindo – tenho um dom semelhante também – parece que temos muito em comum além de agüentar as provocações de Aramil.
Selwyna sorriu, pela primeira vez naquele dia, mas logo em seguida se voltou para Nubling, que estava sentado sério e compenetrado.
- Qual é o problema, Gnomo? – perguntou Bulma, aborrecida por não poder ainda cravar seu machado no crânio do demônio.
- Amigo, se ele aparecer aqui, nós protegemos vocês – disse Oyama dando um tapa amigável no ombro de Nubling.

Nubling ficou em silêncio por um instante. Cruzou as mãos à frente do queixo e disse:
- Se eu consertar o orbe, vocês irão à torre e serão mortos por ele. Depois, aquele monstro ficará solto em nosso mundo. Se eu não consertar, vocês não entrarão na torre, e ele ficará preso eternamente, mas enquanto o Tomo lá dentro estiver aberto, nosso mundo será gradualmente tragado pela escuridão.
- Há uma terceira opção – disse Erol – e você sabe disso.
- Vocês vencerem? – disse Nubling desanimado – pouco provável, amigo ranger.
- Conserte o orbe – disse Hargor – nós cuidaremos do resto.
- Mas se não cuidarem... – interrompeu Nubling, extremamente preocupado.
- Selwyna, eu sei o que isto significa para vocês, - disse Astreya se voltando para a jovem bruxa - e que há coisas aqui que são dolorosas de serem sequer lembradas, mas por favor, confiem em nós.
- Tio... – disse Selwyna após considerar as palavras de Astreya – faça o que pedem. Deixemos o destino correr seu curso natural.

Após um longo silêncio, Nubling se levantou com um sorriso e disse:
- Muito bem, farei isso. Precisarei de algumas horas, mas o orbe será consertado. Não temos muitos quartos aqui, mas podemos acomodar todos razoavelmente bem.

Nem tanto. Quando a noite caiu, os aventureiros descobriram que havia apenas um quarto disponível, além do quarto de Selwyna. No quarto da jovem, ficaram ela, Astreya e Bulma. Entediada, a meio orc rapidamente adormeceu, mas, as duas meio elfas passaram várias horas conversando sobre visões e principalmente, sobre pessoas queridas e importantes. Pessoas com que se queria estar, mas por algum motivo ou outro, este desejo era momentaneamente negado pelo destino.

Já no quarto de Nubling, ficaram Oyama, Hargor, Erol e Aramil enquanto o gnomo trabalhava. Aramil se enfureceu com o fato e disse que Oyama só poderia entrar lá após tomar um banho; o monge, por mera diversão, fez questão de demonstrar os piores hábitos de higiene imagináveis e os quatro heróis passaram uma noite bastante conturbada em meio a gargalhadas, vinho, arrotos e ameaças de morte.

Ao amanhecer, o mago gnomo entregou à Aramil o olho de Charoxx completamente restaurado, e fora da caverna, frente ao mesmo rochedo onde os heróis encontraram Nubling pela primeira vez, todos se despediram.
- Muito obrigado por sua ajuda, nobre amigo – disse Hargor apertando a mão de Nubling – e não se preocupe, pois não falharemos.
- Confio em vocês – respondeu Nubling sorrindo – se vocês foram capazes de arrancar o olho de um dragão abissal, conseguirão superar isso também!
- É assim que se fala – disse Oyama dando um tapa nas costas do gnomo – este demônio vai virar esterco quando acabarmos com ele.
- Obrigada por tudo, Selwyna – disse Astreya à jovem feiticeira enquanto trocavam um forte abraço – Fique tranqüila, pois tudo dará certo.
- Espero que sim, minha amiga – respondeu Selwyna com um sorriso – e que logo possamos comemorar alguns casamentos também.

Ao terminar de preparar sua magia de teletransporte e reunir todo o grupo, Aramil se voltou para Nubling e disse:
- Você tem uma grande habilidade, Erkenwald; uma habilidade pouco vista mesmo entre os elfos. Obrigado, e adeus.

Quando o grupo desapareceu, Nubling se virou para Selwyna e disse:
- Você está preocupada.
- Não é nada... – respondeu a feiticeira, tentando esconder a tristeza.
- Eu conheço você, querida – disse Nubling segurando a mão de Selwyna. Diga-me o que há. Está preocupada com o desfecho do que há de ocorrer na Torre do Desespero?
- Não... – respondeu ela em tom sombrio.
- Então com o que? – perguntou Nubling com uma expressão bastante preocupada no rosto – o que você viu?


- Eles irão para um lugar antes de partirem para a Torre do Desespero – disse ela enquanto uma lágrima escorria – e neste lugar, um deles, não sei ainda quem, irá perecer de uma forma terrivelmente brutal.

3 comentários:

  1. Respostas
    1. Dos três, este foi o capítulo que mais gostei. Nem tudo o que é cheio de acção é melhor. Aqui o Odin leva tempo a cimentar as personagens, envolve-nos mais na historia, e no fim fica aquela vontade de continuar a ler.
      Parabéns.

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  2. Muito obrigado, nobre irmão. É uma honra!

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