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Estávamos os três ali para ser julgados. A gruta era ampla e as escadas em frente talhadas na pedra fria. Trinta e dois degraus ao todo, tive tempo de os contar. No teto a rocha pareceu ganhar a forma de dentes e o seu gotejar de água gelada, um salivar para nos consumir, ou assim pensei. A mente vagueia na demora da espera.
No chão molhado a água encontrava o seu caminho até à saída,
onde a queda depois seria mais de mil pés por encosta ingreme. Quanto demorámos
para ali chegar, só posso adivinhar, mas o como eu já o vim a aceitar, por
muito inacreditável que fosse.
Meu corpo parecia são e saudável, minha ferida mortal havia
desaparecido. Nem vi quem segurava a lança que me trespassou por entre tanto
caos e aglomerado de braços.
Olhei para trás e ainda as via lá fora, as valkirias que nos
trouxeram até aqui. Sua beleza contrastava com um semblante de morte quando a
luz lhes tocava de um certo jeito.
Mortos, todos nós à espera do mesmo destino. Do meu lado
esquerdo um guerreiro de armadura espessa, com uma espada longa embainhada e
segurando um escudo estranho nas minhas terras, retangular e longo invés de circular.
Expoles do ocidente com certeza. Seu elmo escondia-lhe o rosto, não sabia dizer
se tinha lutado do nosso lado ou não.
Já no meu flanco direito, um homem possante com o dobro da
minha idade, coberto por peles. A racha no chão do seu machado posado,
chamou-me a atenção. Sua barba espeça escondia-lhe seus traços. Seria preciso
muita força para o conseguir brandir como deve ser. Seu nome era Erick barbas
longas, chefe em Trondheim, eu conhecia-o.
O que aconteceu a seguir fez sombra a tudo até ali
testemunhado. A sua graça ao descer as escadas derrotou qualquer defesa ainda
desafiadora dos ali presentes. Seus cabelos longos loiros refletiam o pouco de
luz que penetrava aqueles domínios e sua pele esbranquiçada denotava falta de encontro
com o Sol. Estavam a admirar a mulher mais linda que alguma vez viram.
Contemplou os presentes com um sorriso que só podia ser
caracterizado como perfeito para quem de
melhores adjetivos não conseguia arranjar dentro do seu limitado vocabulário.
melhores adjetivos não conseguia arranjar dentro do seu limitado vocabulário.
- Bem-vindos... – Disse-o na mais doce voz possível,
acasalando perfeitamente com a sua imagem. – Eu sou Freya. – As suas palavras
se fizeram convidar na mente dos homens sem no entanto serem reveladas
verbalmente.
- A Mãe… – proferiu Erick.
Freya era a deusa da beleza, amor e fertilidade. Não admira
que nunca tenhamos visto tamanha beleza. Fui o primeiro a baixar a cabeça,
exemplo que depressa foi seguido pelos outros ali.
- Por esta altura já devem saber porque aqui estão. Vocês
são os caídos em batalha para vir servir os deuses até Ragnarok, o fim de todas
as coisas. Observei-os por muito tempo, procuro um
campeão para ser o arauto dos meus exércitos. Um de vós será esse campeão.
Os guerreiros partilharam olhares surpreendidos.
- Com o devido respeito Mãe… – Começou a falar Erick. – Eu sempre pensei ir parar aos salões de Valhalla
encontrar os meus antepassados.
- O que te faz pensar que estão todos lá? - Sua expressão agravou-se.
Foi-me impossível não sentir pequeno perante tamanha energia.
De onde vínhamos, expressões como aqueles seriam consideradas insulto, mas essa não foi a intenção divinal e Erick
soube o seu lugar.
- Pelo meu acordo com Odin eu recebo metade dos heróis
caídos. A tua ignorância… entristece-me.
O pesar de Erick foi tão grande que não conseguiu conter as
lágrimas pelo que havia feito.
Cada um apresentaria o seu caso e a deusa Mãe dicidiria qual o mais digno de se sentar ao seu lado.
Simplesmente espetacular! Anseio pela continuação!
ResponderEliminarObrigado nobre Odin. Lembrei-me que você em particular fosse gostar desta shor-storie baseada na mitologia nórdica. Estou atrasado, vou ver se publico a segunda e ultima parte hoje ou amanhã.
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